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Inteligência artificial capaz de prever evolução do cancro

Inteligência artificial no combate ao cancro

Chama-se Revolver e é uma ‘arma’ criada pelos cientistas, capaz de prever qual vai ser a evolução de um cancro, dando aos médicos a possibilidade de planear o tratamento mais eficaz para cada doente.

Prever qual será a evolução de um tumor é um dos maiores desafios no tratamento do cancro, que não raras vezes troca as voltas aos médicos, quase como um jogo do gato e do rato que a medicina nem sempre tem sido capaz de acompanhar. Ou de vencer.

De resto, se os médicos pudessem fazer esta previsão tinham a capacidade de intervir mais cedo, impedindo o cancro de se espalhar, de evoluir ou causar resistência aos medicamentos, o que faria aumentar a probabilidade de sobrevivência do doente.

É através da inteligência artificial que se pretende conseguir este feito, com recurso a uma nova técnica que seleciona os padrões na mutação do ADN dentro do cancro e usa essa informação para prever futuras alterações genéticas.

Padrões transformados em indicadores de prognóstico

Liderada por cientistas do britânico Institute of Cancer Research, em conjunto com colegas da Universidade de Edimburgo, uma equipa de investigadores conseguiu usar as alterações genéticas para prever o próximo passo do tumor, o que torna possível, para os médicos, controlar a situação.

Financiado pelo Wellcome Trust, o Conselho Europeu de Investigação e o Cancer Research UK, o trabalho foi publicado na revista Nature Methods e revela que os especialistas foram capazes de descobriram que havia uma ligação entre a repetição de certas sequências de mutações dos tumores e os resultados de sobrevivência.

A sugestão de existência destes padrões repetitivos permitiu que fossem usados, como um indicador de prognóstico, ajudando a moldar o tratamento futuro.

Socorrendo-se da inteligência artificial, desenvolveram uma nova técnica, que identifica os padrões na ordem em que ocorrem as mutações genéticas num tumor, para prever o de outro.

“Eliminar um dos trunfos do cancro”

Foram, ao todo, usadas 768 amostras de tumores de 178 doentes que integraram estudos anteriores de cancro do pulmão, mama, rim e intestino, e analisados os dados para cada tipo de cancro, destinados a detetar e comparar com precisão as alterações em cada tumor.

Identificando os padrões repetitivos e combinando-os com o conhecimento atual da biologia e a evolução do cancro, os cientistas puderam prever a trajetória futura do desenvolvimento do tumor, o que inclui a possibilidade de prever se vão existirresistência a um tratamento específico.

“Desenvolvemos uma ferramenta poderosa de inteligência artificial, capaz de fazer previsões sobre os passos futuros na evolução dos tumores, tendo por base certos padrões de mutação que até agora permaneceram escondidos em conjuntos de dados complexos”, explica Andrea Sottoriva, líder da equipa de Genómica e Modelagem Evolutiva do Institute of Cancer Research.

“Com esta ferramenta, esperamos eliminar um dos trunfos do cancro – o facto de evoluir de forma imprevisível, sem sabermos o que vai acontecer a seguir. Ao dar-nos uma espreitadela para o futuro, podemos usar essa ferramenta de inteligência artificial para intervir num estágio anterior, prevendo o próximo movimento do cancro.”

Para Paul Workman, diretor executivo do Institute of Cancer Research, “a evolução do cancro é o maior desafio que enfrentamos na criação de tratamentos que funcionem com mais eficácia para os doentes. Se formos capazes de prever como um tumor vai evoluir, o tratamento pode ser alterado antes que ocorra a adaptação e a resistência aos medicamentos, colocando-nos um passo à frente do cancro”.

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