
Chama-se Bright (Be RIGHT with breast cancer risk management) e é um estudo europeu que visa identificar um maior risco de desenvolvimento de cancro da mama em mulheres jovens através de um teste genético. Um estudo que vai contar com a participação do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN).
O teste está já a ser desenvolvido por uma equipa internacional e o CHULN será o único hospital português a disponibilizá-lo às mulheres que o queiram realizar para determinar o risco genético acrescido de vir a desenvolver a doença e adequar os rastreios e medidas a esse risco.
O risco de cancro da mama das mulheres depende de muitos fatores ambientais, estilos de vida e genéticos. No entanto, na Europa, e até ao momento, apenas a seleção baseada na idade é usada para rastreio de mamografia. A falta de seleção baseada em risco afeta os resultados do rastreio, pelo que as mulheres em risco com menos de 50 anos não são, geralmente, rastreadas, embora esse grupo represente mais de 20% dos casos de cancro da mama na Europa. A falta de triagem eficaz para mulheres mais jovens significa que estas doentes não são diagnosticadas e tratadas o mais precocemente possível.
“Na mulher jovem, além de ter um impacto muito grande na sua saúde, o diagnóstico de cancro da mama também pode abalar outras vertentes da sua vida, como por exemplo: vida familiar, conjugal, reprodutivo e profissional”, explica Luís Costa, diretor do Departamento de Oncologia do CHULN. “O cancro da mama em mulher jovem tem um pior prognóstico porque muitas vezes é tratado já numa fase com maior volume de tumor e tem pior prognóstico pela própria idade.”
Para melhorar a eficácia do rastreio mamográfico do cancro da mama, é preciso desenvolver uma forma baseada no risco de identificar subgrupos de mulheres para programas de rastreio direcionados. A triagem direcionada com base no risco genético pode permitir a prevenção precisa do cancro de mama e diminuir a carga social e económica da doença, ao mesmo tempo que acrescenta anos de vida saudáveis para as mulheres participantes.
Teste genético para mulheres jovens
Para aumentar a deteção precoce, a equipa do projeto BRIGHT desenvolveu um teste genético para o risco de cancro de mama, para identificar aquelas que beneficiariam do rastreio direcionado à doença. Este teste de pontuação de risco informa como o risco de cancro da mama de uma pessoa se compara a outras com uma constituição genética diferente e permite uma triagem direcionada por meio de estimativa de risco genético, para mulheres a partir dos 35 anos. A solução será disponibilizada a voluntárias e utentes de serviços não-oncológicos do CHULN e os resultados serão acompanhados por ações de seguimento para gestão de risco futuro da doença.
“Este projeto pode ser um passo importante para a ciência e para a medicina no sentido de desenvolver uma metodologia para um rastreio de cancro da mama mais personalizado. Para a equipa de profissionais que trata doentes com cancro da mama no CHULN, constitui um projeto inovador na medida em que concentra esforços e cria conhecimento na capacidade de deteção precoce do cancro da mama, facto que pode ser decisivo para o prognóstico”, reforça Luís Costa.
O cancro da mama é o mais comum em mulheres em todo o mundo, com mais de dois milhões de novos casos todos os anos. Na Europa, os rastreios por mamografia de mulheres dos 50 aos 74 anos diagnostica aproximadamente 58% de todos os casos. O diagnóstico precoce proporcionado pela mamografia reduz o risco de morte pela doença até 40%.