Adultos de meia-idade com uma boa saúde do coração têm menos probabilidade de desenvolver diabetes tipo 2 durante a vida, revela um estudo publicado no Dia Mundial do Coração no European Journal of Preventive Cardiology, uma revista da Sociedade Europeia de Cardiologia. E isto mesmo que apresentem um risco genético elevado.
A investigação confirmou a importância de uma boa saúde cardiovascular, independentemente da probabilidade genética de um indivíduo desenvolver diabetes tipo 2. Esta saúde cardiovascular foi definida como peso corporal, pressão arterial e colesterol saudáveis, não fumar, ter uma dieta equilibrada e ser fisicamente ativo.
Estima-se que 463 milhões de adultos tenham diabetes e que 10% das despesas globais com saúde sejam gastas com a doença (760 mil milhões de dólares).
“Embora a genética contribua para a probabilidade de desenvolver diabetes tipo 2, as descobertas indicam que manter hábitos de vida saudáveis e sobretudo ter um peso corporal saudável, pode ajudar a diminuir o risco da doença ao longo da vida”, afirma Fariba Ahmadizar, especialista do Erasmus University Medical Center, na Holanda.
O estudo incluiu 5.993 participantes livres de diabetes tipo 2, a maioria (58%) mulheres com uma idade média de 69 anos. No início do estudo os participantes receberam uma pontuação de saúde cardiovascular de 0 a 12, de acordo com o seu índice de massa corporal, pressão arterial, colesterol, tabagismo, dieta e atividade física, com as pontuações mais altas a corresponderem a uma melhor saúde cardiovascular.
Foram, depois, divididos em três categorias de saúde do coração de acordo com sua pontuação: má (0-5), intermédia (6-7) e ideal (8-12).
Olhando apenas para a saúde cardiovascular, os especialistas descobriram que o risco de diabetes tipo 2 ao longo da vida era menor naqueles com melhor saúde cardíaca. Por exemplo, aos 55 anos, os participantes com saúde cardiovascular ideal tinham um risco de 22,6% de desenvolver diabetes tipo 2 na vida, valor inferior aos 28,3% dos que tinham saúde cardiovascular intermédia e 32,6% para os que apresentavam uma saúde má a este nível.
Quando o risco genético foi tido em consideração, o risco ao longo da vida para a diabetes tipo 2 era ainda assim menor naqueles com melhor saúde do coração. Aos 55 anos, por exemplo, o risco restante da diabetes no grupo de alto risco genético foi de 23,5% para aqueles com saúde cardiovascular ideal, em comparação com 33,7% e 38,7% para aqueles com saúde cardiovascular intermédia e má.
“Os nossos resultados destacam a importância de uma saúde do coração favorável na prevenção da diabetes tipo 2 entre adultos de meia-idade, independentemente de ser geneticamente alto ou baixo o risco da doença. Por outras palavras, um estilo de vida saudável está associado a um risco significativamente menor de diabetes tipo 2 em qualquer categoria de risco genético. As descobertas aplicam-se igualmente a homens e mulheres e indicam que hábitos saudáveis na meia-idade são uma estratégia eficaz para evitar o diabetes mais tarde.”