Scroll Top

Drogas ilegais usadas por um em cada dez doentes internados nos cuidados intensivos cardíacos

drogas ilegais

O uso de drogas ilegais está associado a um risco quase nove vezes maior de morte ou emergência com risco de vida nos doentes que se encontram nas unidades de cuidados intensivos cardíacos, mostram os dados de um trabalho realizado por Theo Pezel, especialista do Hospital Lariboisiere, em França, que revela ainda que um em cada 10 dos que aí se encontram internados consumiu substâncias ilegais.

“O nosso estudo mostra que as pessoas com doenças cardiovasculares agudas que tomam drogas ilegais têm maior probabilidade de morrer ou sofrer paragem cardíaca ou choque cardiogénico enquanto estão no hospital em comparação com os não utilizadores”, refere o especialista.

O consumo de drogas ilícitas aumentou 22% na última década para cerca de 275 milhões de pessoas em todo o mundo. Na União Europeia, cerca de 83,4 milhões (29%) de pessoas com idades compreendidas entre os 15 e os 64 anos já consumiram uma droga ilícita, sendo a cannabis, cocaína , ecstasy, anfetaminas e heroína ou outros opióides as substâncias mais utilizadas.

As drogas ilegais têm sido associadas a eventos cardiovasculares agudos, incluindo ataques cardíacos e dissecção da aorta, mas a prevalência do uso de drogas em doentes nas unidades de cuidados intensivos cardíacos e as suas consequências a curto prazo permanecem desconhecidas.

Foi isso que este estudo quis saber, ao avaliar a prevalência do uso de drogas ilícitas e sua associação a eventos adversos maiores intra-hospitalares nas pessoas admitidas por eventos cardiovasculares agudos. Para isso, testaram todos os doentes admitidos nas unidades de cuidados intensivos cardíacos de 39 centros em toda a França para a presença de drogas ilegais.

Dos 1.499 selecionados, 161 (10,7%) tiveram teste positivo para pelo menos uma droga ilícita, sobretudo cannabis (9,1%), opioides (2,1%), cocaína (1,7%) e anfetaminas (0,7%).

Durante uma hospitalização mediana de cinco dias, 61 tiveram um evento adverso maior e o uso de drogas ilícitas foi associado a um risco de quase nove vezes de eventos adversos maiores.

“O uso de drogas ilícitas era comum em pacientes das unidades de cuidados intensivos cardíacas, mas subnotificado. Os utilizadores admitidos por enfarte do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST (STEMI) e insuficiência cardíaca aguda apresentaram risco particularmente elevado de morte, paragem cardíaca ou choque cardiogénico”, refere o especialista, que não tem dúvidas:

“Os doentes admitidos nas unidades de cuidados intensivos de cardiologia devem ser testados quanto a medicamentos para identificar aqueles com maior probabilidade de resultados prejudiciais.”

Posts relacionados