O cancro do pulmão é um dos mais frequentes e mortíferos em todo o mundo. A biópsia é o método utilizado para o seu diagnóstico e caracterização, e embora permita obter informação valiosa, é uma abordagem que pode levantar alguns problemas clínicos. O projeto LuCaS (Rastreio do cancro do pulmão – uma metodologia não invasiva para o diagnóstico precoce) tem como objetivo tornar os sistemas de apoio à decisão na caracterização do cancro do pulmão mais objetivo e quantitativo.
“A técnica standard para avaliar o estado mutacional do cancro recorre à biopsia, que produz resultados altamente fiáveis, mas é um método bastante invasivo e em alguns casos pode trazer complicações ao paciente”, explica Hélder Oliveira, investigador do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC).
“Adicionalmente, esta técnica não é capaz de caracterizar globalmente o cancro, pois apenas é retirada uma porção de tecido. Uma solução alternativa passa por fazer esta caracterização a partir dos exames radiológicos baseados em Tomografia Computorizada, os mesmos que são utilizados para o diagnostico inicial. A imagiologia médica permite a obtenção de um grande conjunto de informação útil, a partir de uma abordagem holística englobando uma caracterização completa, abrindo oportunidades para investigar a relação entre as manifestações visuais presentes numa imagem médica e o perfil genético do cancro, usando uma abordagem não-invasiva”, acrescenta.
Desta forma, conclui o investigador que lidera o projeto, “a tecnologia que estamos a utilizar terá uma abrangência maior do que a própria biópsia, pois é baseada em informação tridimensional e é não-invasiva. Desta forma, também reduz fortemente os custos”.
O projeto segue uma abordagem “Radiogenomics”, ou seja, que analisa os atributos da imagem para descrever e criar modelos matemáticos capazes de identificar padrões e oferecer uma previsão do diagnóstico, e relaciona características de imagens com a análise dos genes recolhidos durante a biópsia.
O projeto começou em 2018 e até ao momento foram desenvolvidas técnicas de machine learning que utilizam a informação da imagem para prever o estado mutacional do cancro do pulmão.
O projeto compreendeu, ainda, uma componente prospetiva, em que foi desenvolvido um modelo para avaliar contribuições de biópsia líquida na caracterização do cancro de pulmão. “Esta abordagem será de grande valor como meio para obter dados moleculares de forma minimamente invasiva e compatível com a rotina clínica”, afirma Hélder Oliveira.
O LuCaS (Lung Cancer Screening – A non-invasive methodology for early diagnosis) está a ser desenvolvido por investigadores do INESC TEC, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, do Centro Hospitalar Universitário de São João e Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto – IPATIMUP do i3S. Conta com o cofinanciamento do COMPETE 2020 no âmbito do SAICT – Sistema de Apoio à Investigação Científica e Tecnológica, envolvendo um investimento elegível de 239 mil euros, o que resultou num incentivo FEDER de 203 mil euros.