Os distúrbios de dores de cabeça estão entre os problemas de saúde mais comuns em todo o mundo e são um dos mais subdiagnosticados e subtratados, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Neste alerta, a especialista em neurologia da Mayo Clinic, Amaal Starling, especialista em dor de cabeça e enxaqueca em Phoenix, dá dicas para prevenir e gerir distúrbios de dor de cabeça, incluindo enxaqueca e a cefaleia induzida por medicamentos.
Há mais de uma dúzia de diferentes tipos de dores de cabeça. O incapacitante mais comum é a enxaqueca, que afeta mais de afeta mais de mil milhões de pessoas em todo o mundo, incluindo uma em cada cinco mulheres, uma em cada 11 crianças e um em cada 16 homens e, segundo a OMS, é uma das doenças mais incapacitantes do mundo.
A enxaqueca pode variar dependendo da fase da vida de uma pessoa, refere a médica. “A cólica infantil é considerada a variante infantil da enxaqueca. A enxaqueca abdominal e a síndrome do vómito cíclico são variantes da enxaqueca comuns em crianças”, refere a médica.
“As crises de enxaqueca mais clássicas ocorrem ao longo da vida adulta. Nos adultos mais velhos, a dor associada à enxaqueca diminui. No entanto, as características associadas, como sensibilidade à luz, sensibilidade ao som, náusea, vómitos ou aura, podem ser mais proeminentes.”
Vários tipos de dores de cabeça
Apesar dos avanços nas opções de tratamento e prevenção, a enxaqueca permanece subdiagnosticada e, por isso mesmo, subtratada, afirma a especialista. Se uma pessoa está com dores de cabeça que dificulta o seu funcionamento, é provável que seja enxaqueca.
A enxaqueca é um distúrbio primário de dor de cabeça, o que significa que é causada por uma função anormal no cérebro. Ao contrário dos distúrbios secundários, ela pode não ser um sintoma de uma doença subjacente, como uma infeção ou um tumor.
Outros distúrbios primários de dores de cabeça comuns incluem a cefaleia em salvas, que ocorre em crises que duram de semanas a meses e geralmente inclui dor intensa com duração de até três horas num olho ou ao seu redor e as dores de cabeça tensionais, que geralmente ocorre com dor ligeira a moderada e pode ser crónica.
Alguns distúrbios primários de dores de cabeça estão associados a determinadas atividades, como dor de cabeça por tosse, dor de cabeça sexual e dor de cabeça por exercício físico. Também podem ser desencadeados pelo consumo de álcool, ingestão de determinados alimentos, como carnes processadas com nitratos, falta de sono, má postura, stress e saltar refeições.
“Os gatilhos da enxaqueca são muito individualizados. Um gatilho para um paciente pode não ser um gatilho para outro”, diz Starling.
Prevenir e procurar ajuda médica
“Em geral, recomendo seguir uma dieta mediterrânica anti-inflamatória com fruta, vegetais, nozes, legumes, consumir alimentos integrais e ricos em magnésio, além de evitar o jejum e os alimentos processados”, aconselha. “Mais recentemente, surgiram alguns dados que recomendam o consumo de mais ácidos gordos do tipo ómega-3, através da ingestão de peixes gordos como salmão, sardinha e cavala.”
O uso excessivo de analgésicos, incluindo aqueles sem prescrição (como aspirina) ou medicamentos com prescrição (como opióides e alguns medicamentos para enxaquecas), mais de duas vezes por semana, pode desencadear a cefaleia induzida por medicação.
“Se uma pessoa tem crises de enxaqueca quatro ou mais vezes por mês, é hora de considerar o tratamento preventivo”, diz Starling. “Se uma pessoa tem crises de enxaqueca que não são frequentes e ocorrem menos de quatro vezes por mês, um tratamento específico para enxaquecas, conforme a necessidade, pode ser mais eficaz do que medicamentos analgésicos de venda livre, como o ibuprofeno.”
Novos tratamentos para enxaqueca incluem a descoberta de uma nova família de medicamentos preventivos direcionados a um dos sistemas do corpo que se acredita ser o culpado, o sistema do peptídeo relacionado com o gene da calcitonina, e o desenvolvimento de dispositivos médicos para tratar a enxaqueca.
Se as pessoas têm dores de cabeça que está a reduzir sua capacidade de funcionar, em vez de se diagnosticarem a si mesmos e se automedicarem, é melhor consultarem um profissional de saúde para ajudar a controlar os sintomas, acrescenta.
“Nos últimos anos, houve uma explosão de opções de tratamento para crises e prevenção da enxaqueca. Temos muitas opções para melhorar a vida das pessoas que vivem com enxaqueca.”