As pessoas que enviam mensagens ao volante têm seis vezes mais probabilidade de sofrer um acidente. Apesar dos esforços e alertas de sensibilização, são muitos os que continuam a arriscar, confirma um novo estudo.
De acordo com o trabalho, divulgado na revista Risk Analysis: An International Journal, muitos condutores não percebem que a ligação entre escrita de mensagens e a condução é perigosa, perpetuando o erro. E violando a lei.
A ciência já fez as contas e confirma o perigo: falar num dispositivo móvel aumenta o risco de colisão em 2,2 vezes; já o envio de mensagens ao volante faz subir o risco em 6,1 vezes.
Nada que impeça os uso destes aparelhos na condução. de resto, até 18% dos condutores nos países mais ricos – e até 31% em países pobres e em vias de desenvolvimento – usam os telemóveis enquanto viajam, contribuindo para a redução significativa da segurança nas estradas.
E apesar das leis que proíbem tal comportamento, os especialistas acreditam que o uso destes aparelhos durante a condução tem tendência a aumentar.
Justificações para tirar as mãos do volante
Neste estudo, os investigadores concluíram que os condutores têm um sistema de autorregulação quando decidem usar os seus telefones a conduzir, um processo através do qual criam estratégias para lidar com os fatores ambientais, mantendo um elevado nível de desempenho.
Por exemplo, muitos condutores aproveitam os sinais de Stop para iniciar o uso do seu dispositivo móvel, e muitos são capazes de restringir-se e usar os telefones apenas quando estão parados em sinais de trânsito.
Um dos objetivos deste trabalho era descobrir que métodos de autorregulação são esses. Para isso, analisaram 447 condutores australianos, a quem pediram para responder« a perguntas sobre perceção de risco de colisão, de conforto na condução, dificuldade percebida na condução e perceção da probabilidade de fazerem chamadas de voz ou enviarem mensagens.
Condutores não estão convencidos dos riscos
O estudo conclui que as mulheres são muito mais propensas a do que os homens a usar o telemóvel durante a condução.
Os condutores mais experientes têm menos probabilidade de se envolverem numa condução mais distraída, ou seja, à medida que aumenta o número de anos com carta, diminui a probabilidade de terem uma condução distraída. E os motoristas mais desinibidos têm mais probabilidade de conduzir distraídos.
Ainda de acordo com a mesma fonte, 68% dos participantes relataram precisar de muito convencimento para acreditarem nos perigos das mensagens de texto na condução. No entanto, condições exigentes de tráfego e a presença de agentes da lei foram relatadas como medidas eficazes na redução da probabilidade de condução distraída.
Resultados que vão ao encontro dos programas que defendem a presença policial nas estradas como meio de combate à condução distraída.
“Os motoristas não são bons em identificar onde é seguro usar o telefone – é mais seguro simplesmente estacionar num local apropriado para usar o telefone rapidamente e depois retomar a jornada”, explica Oviedo-Trespalacios, um dos autores do trabalho.
Os condutores eram muito mais propensos a falar ao telefone enquanto conduziam dirigiam do que usar os seus telefones para enviar mensagens, o que já se esperava, uma vez que a exigência visual associada ao envio de SMS competem diretamente com as de conduzir, enquanto falar ao telefone é principalmente auditivo.
Em defesa das campanhas na estrada
Os resultados deste estudo podem contribuir para justificar a criação de campanhas de alerta para a condução distraída, destacando as oportunidades de intervenção.
Campanhas que devem ter como alvo atitudes de segurança para reduzir de forma mais eficaz as motivações dos condutores, que as levam a envolverem-se com os seus telefones enquanto conduzem.
Este estudo confirmou também a necessidade de se criar um perfil e direcionar os grupos de alto risco, particularmente os condutores mais jovens e inexperientes, assim como aqueles que estão excessivamente ligados aos seus telefones, para desenvolver mensagens que tenham em conta os seus fatores motivacionais específicos.