Com o ano letivo quase a começar, é normal que as crianças e adolescentes apresentem algum stress ou ansiedade, sobretudo em tempos de Covid-19 e de incerteza, que acompanha a doença. Especialistas em pediatria oferecem, por isso, dicas para a saúde mental das crianças no regresso às aulas.
“Há uma série de preocupações com a saúde mental das crianças na escola devido a stressores menores, como nervos, testes futuros ou dinâmicas nos relacionamentos com colegas”, explica Samanta Boddapati, psicóloga clínica infantil e coordenadora no Nationwide Children’s Hospital, nos EUA.
“Vários fatores no ambiente escolar podem promover ou prejudicar a saúde mental e podem influenciar a forma como as crianças reagem. Por exemplo, relacionamentos positivos com os alunos e forte programação emocional social nas escolas podem promover a saúde mental, enquanto questões como bullying ou provocações e desafios podem prejudicar esse bem-estar mental”, acrescenta.
No caso dos mais pequenos, a ansiedade pode estar associada à separação dos pais e a preocupações sobre o facto de estarem longe da família e em novos ambientes, com novas pessoas.
Para as que têm dificuldade em se despedir, aconselha-se um adeus especial, incluído na rotina, como um aperto de mão especial ou uma declaração entre pais e filhos, sempre acompanhada pela certeza de que se vão ver novamente.
Algumas crianças pequenas também gostam de um objeto de transição, como um pequeno item que os lembra de um cuidador enquanto estão separados e que podem “manter a segurança” nesse espaço de tempo.
Como lidar com a Covid-19 no regresso às aulas
Para crianças mais velhas, “manter uma rotina é importante, sobretudo nas famílias que continuam a fazer a aprendizagem à distância. Estruture uma parte do dia do seu filho, deixando outra com alguma flexibilidade”, refere Parker Huston, psicólogo pediátrico.
Os especialistas dizem que, independentemente da idade da criança, a melhor coisa que pode fazer para ajudar a saúde mental dos mais pequenos ao voltar para a escola este ano é começar a ter conversas precoces e frequentes.
A estes conselhos juntam-se outros:
- admitir à criança que existem muitas incógnitas, mas que estará lá para as apoiar.
- discutir possíveis cenários ou medos com as crianças, além de conversar sobre diferentes opções e alternativas. Isso pode ajudar a aumentar a flexibilidade, o raciocínio e a capacidade de resolução dos problemas das crianças. Perguntar sobre o que aquilo que os está a enervar não aumenta a ansiedade, desde que a conversa seja focada na solução de problemas.
- desmistificar alguns dos procedimentos que podem estar em vigor nas escolas, como uso de máscaras e medições de temperatura, falando sobre eles e praticando-os em casa. Por exemplo, use máscaras por períodos curtos durante o dia em casa, jogando ou lendo para simular como será na escola.
- entre em contacto coma escola para ver que recursos estão disponíveis para o seu filho, como aconselhamento escolar.
“Uma certa quantidade de stress é normal, mas pais, cuidadores e educadores devem procurar identificar as mudanças drásticas no funcionamento ou no comportamento”, afirma Huston.
“O sono muda, o humor muda, pode haver incapacidade de se envolver com ambientes sociais ou amigos, aumento da ansiedade sobre coisas sobre as quais talvez não estivessem nervosos no passado são mudanças sobre as quais é desejável conversar com o pediatra do seu filho.”