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Doença autoimune associada ao dobro do risco de depressão, ansiedade e doença bipolar

doença autoimune

Um novo estudo revela que viver com uma doença autoimune quase duplica o risco de sofrer de problemas de saúde mental, como depressão, ansiedade ou doença bipolar, riscos que são ainda mais elevados nas mulheres.

De acordo com os investigadores, que publicaram as suas descobertas na revista BMJ Mental Health, a inflamação constante causada pela doença autoimune pode estar na origem desta ligação.

Já existia um conjunto crescente de evidências a associar a inflamação a uma saúde mental debilitada, mas muitos dos estudos publicados até agora tinham por base amostras pequenas, o que limitava o seu poder estatístico. Para obter resultados sólidos, este novo estudo analisou dados de 1,5 milhões de pessoas no Reino Unido, incluindo 37.808 com doenças como lúpus, artrite reumatoide, esclerose múltipla, psoríase, síndrome de Graves e doença inflamatória do intestino.

No total, 37.808 participantes reportaram doença autoimune e, neste grupo,  eram mais as mulheres (74,5% vs. 56,5%) e mais também aqueles que relataram diagnósticos de perturbações afetivas (depressão, perturbação bipolar ou perturbação de ansiedade): 29% vs. 18% na população geral.

Surgiram associações semelhantes na prevalência ao longo da vida para a depressão e ansiedade: 25,5% vs. pouco mais de 15% para a depressão; e pouco mais de 21% vs. 12,5% para a ansiedade. E embora a prevalência geral de doença bipolar tenha sido muito mais baixa, foi ainda assim significativamente mais elevada entre aqueles com doença autoimune do que na população em geral: pouco menos de 1% em comparação com 0,5%.

Já a prevalência de perturbações afetivas foi mais elevada entre as mulheres do que entre os homens com as mesmas condições de saúde física: 32% em comparação com 21% entre os participantes com qualquer perturbação autoimune.

As razões para tal não são claras, afirmam os investigadores, mas “as teorias sugerem que as hormonas sexuais, os fatores cromossómicos e as diferenças nos anticorpos circulantes podem explicar parcialmente estas diferenças entre os sexos”, escrevem.

“As mulheres (mas não os homens) com depressão apresentam concentrações aumentadas de citocinas circulantes e reagentes de fase aguda em comparação com os seus pares não deprimidos. Portanto, é possível que as mulheres enfrentem os desafios combinados de uma maior ocorrência de autoimunidade e efeitos mais fortes das respostas imunitárias na saúde mental, resultando na prevalência substancialmente mais elevada de perturbações afetivas observada neste estudo”, acrescentam.

A importância da deteção precoce

No geral, o risco para cada um dos distúrbios afetivos foi quase duas vezes maior — 87-97% maior — em pessoas com doença autoimune.

“Esta análise de um amplo conjunto de dados nacionais sugere que a exposição crónica à inflamação sistémica pode estar associada a um maior risco de perturbação afetiva”, concluem os investigadores.

“Estudos futuros devem procurar determinar se fatores biológicos, psicológicos e sociais putativos — por exemplo, dor crónica, fadiga, perturbações do sono ou do ritmo circadiano e isolamento social — podem representar mecanismos potencialmente modificáveis ​​que associam condições autoimunes e perturbações afetivas.”

E sugerem que pode valer a pena fazer exames regulares em pessoas diagnosticadas com doença autoimune para detetar problemas de saúde mental, especialmente mulheres, para lhes proporcionar um tratamento personalizado desde o início.

Crédito imagem: Unsplash

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