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Dormir muito ou dormir pouco aumenta risco de infeção, descobre a ciência

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Uma boa noite de sono pode resolver todo o tipo de problemas, mas os cientistas encontraram agora novas provas de que dormir bem pode ainda torná-lo menos vulnerável a infeções.

Especialistas da Universidade de Bergen, na Noruega, recrutaram estudantes de medicina que trabalham em cirurgias médicas para distribuir pequenos questionários aos doentes sobre a qualidade do sono e infeções recentes. E descobriram que as pessoas que relataram ter dormido pouco ou muito eram mais propensos a relatar a existência de uma infeção recente, e os doentes que tiveram problemas crónicos a dormir tinham também uma probabilidade maior de relatar a necessidade de antibióticos.

“A maioria dos estudos observacionais anteriores analisaram a associação entre dormir e infeção numa amostra da população geral”, afirma Ingeborg Forthun, autora correspondente do estudo publicado na revista Frontiers in Psychiatry. “Queríamos avaliar esta associação entre doentes nos cuidados primários, onde sabemos que a prevalência de problemas de sono é muito maior do que na população em geral.”

Mas porquê fazer este estudo? Já existem provas de que os problemas de sono aumentam o risco de infeção: num trabalho anterior, as pessoas deliberadamente infetadas com rinovírus apresentaram menos probabilidades de apanhar uma constipação se reportassem um sono saudável.

Porque os distúrbios do sono são comuns e tratáveis, se for possível confirmar uma associação entre este e a infeção poderá ser possível reduzir o uso de antibióticos e proteger as pessoas contra infeções antes que estas aconteçam.

Mas os estudos experimentais não podem reproduzir as circunstâncias da vida real. Por isso, Forthun e os seus colegas deram aos estudantes de medicina um questionário e pediram-lhes que o distribuíssem pelos doentes nas salas de espera das cirurgias. Foram recolhidos 1.848 inquéritos, que pediam às pessoas que descrevessem a sua qualidade de sono: quanto tempo normalmente dormiam, como se sentiam bem e quando preferiam dormir, bem como se tinham tido alguma infeção ou utilizado algum antibiótico nos últimos três meses.

Risco de infeção aumenta em um quarto ou mais

Os cientistas descobriram que os doentes que relataram ter dormido menos de seis horas por noite tinham 27% maior probabilidade de relatar uma infeção, probabilidade essa que aumentava para 44% quando as pessoas dormiram mais de nove horas. Menos de seis horas de dormir, ou insónias crónicas, aumentavam ainda o risco da necessidade de um antibiótico para vencer uma infeção.

“O maior risco de relatar uma infeção entre os doentes que relataram uma curta ou longa duração do sono não é assim tão surpreendente, pois sabemos que ter uma infeção pode causar tanto sono deficiente como sonolência”, afirma Forthun. “Mas o maior risco de uma infeção entre os que sofrem de um distúrbio de insónia crónica indica que a direção desta relação pode ser outra, ou seja, que o sono deficiente pode tornar a pessoa mais suscetível a uma infeção”.

“Não sabemos porque é que os doentes visitaram os seus médicos de clínica geral e pode ser que um problema de saúde subjacente afete tanto o risco de sono deficiente como o risco de infeção, mas não pensamos que isto possa explicar completamente os nossos resultados”, refere Forthun.

“A insónia é muito comum entre os doentes nos cuidados primários, mas é considerada pouco reconhecida pelos médicos de clínica geral. É necessária uma maior consciência da importância do sono, não só para o bem-estar geral, mas também para a saúde dos doentes.”

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