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Força das mãos: uma nova forma de medir a saúde das crianças

força das mãos

A força de preensão manual, ou seja, a força das mãos – força máxima que alguém pode exercer ao apertar um objeto com uma das mãos -, pode parecer um teste simples, mas o seu valor vai muito além disso, pois a força com que a mão é apertada é uma medida fundamental para avaliar a aptidão física e o estado nutricional das crianças e adolescentes.

Um novo estudo realizado em Espanha confirma que esta ferramenta, baseada na força das mãos, medida com um dinamómetro, fornece informações fáceis sobre a aptidão física de crianças e adolescentes e está diretamente relacionada com a sua saúde cardiovascular, sobretudo com a massa muscular magra.

O estudo analisou dados de 3.281 crianças entre os 3 e os 16 anos, recolhidos entre 2018 e 2022 no âmbito de três projetos de saúde infantil e permitiu descobrir a diferença entre rapazes e raparigas no desenvolvimento da força a partir da puberdade: as raparigas atingem o pico de ganho aos 11 anos, enquanto os rapazes o fazem mais tarde, aos 13-14 anos.

No entanto, observa-se um declínio da força média a partir dos 14 anos, especialmente significativo nos adolescentes, sugerindo um impacto negativo dos hábitos sedentários, aumento do tempo de ecrã e redução da atividade física.

Além disso, a comparação dos resultados com séries anteriores de Espanha (1984 e 2006) confirma um declínio da força média nos adolescentes. Especificamente, os rapazes de 16 anos apresentam atualmente a menor força em comparação com as gerações anteriores, enfatizando a ideia de uma deterioração progressiva da aptidão física juvenil.

Os autores propõem incluir a medição da força das mãos em consultas pediátricas e programas escolares para avaliar a aptidão física e o risco cardiovascular desde muito cedo. “Tal como os gráficos de crescimento podem detetar problemas de altura ou de peso, as curvas dinamométricas podem alertar para défices de aptidão física que afetam a saúde presente e futura das crianças e adolescentes”, comenta Augusto G. Zapico, do grupo ImFINE, da Faculdade de Ciências da Atividade Física e do Desporto da Universidade Politécnica de Madrid e um dos investigadores que liderou o estudo.

As novas tabelas de referência da força das mãos, geradas no estudo, permitem a monitorização do desenvolvimento individual das crianças e a implementação de medidas preventivas relacionadas com o exercício e a nutrição. “O estudo mostra ainda que a eficiência muscular (força/peso corporal) é maior nos rapazes, o que reforça a necessidade de interpretar os dados numa perspetiva de género”, concluem os investigadores.

 

Crédito imagem: iStock

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