Um grupo de cientistas das universidades de Bristol e Cambridge, no Reino Unido, criou uma nova válvula cardíaca, feita à base de um polímero, que apresenta uma duração mais longa do que a das válvulas artificiais atuais e tem outra vantagem: tornar desnecessária a toma, por milhões de pessoas, de medicação específica.
Os últimos resultados in vitro da equipa, publicados na Biomaterials Science, sugerem que o PoliValve pode durar até 25 anos.
Mais de 1,3 milhão de pessoas com problemas nas válvulas cardíacas precisam de substituição das mesmas todos os anos.
Atualmente, existem dois tipos de válvulas artificiais disponíveis, mas ambas têm limitações na durabilidade ou na biocompatibilidade.
Geoff Moggridge, chefe do Grupo de Materiais Estruturados do Departamento de Engenharia Química e Biotecnologia de Cambridge e Raimondo Ascione, cirurgião cardíaco adulto do Serviço Nacional de Saúde britânico e líder do Centro de Investigação Biomédica Translacional da Universidade de Bristol, passaram três anos a trabalhar no PoliValve.
Criado em Cambridge e Bristol, trata-se de uma nova válvula, feito de um polímero especial, projetado para se assemelhar à flexibilidade, biocompatibilidade e durabilidade de uma válvula cardíaca natural.
O dispositivo combina excelente durabilidade com biocompatibilidade, dando resposta às limitações das atuais válvulas artificiais.
E porque é feito através de um processo simples de moldagem, os especialistas confirmam que terá custos de fabrico e controlo de qualidade bem mais baixos.
“Estes resultados impressionantes mostram que o PoliValve é uma alternativa promissora para a cirurgia de substituição valvular. Embora sejam necessários mais testes, achamos que pode fazer uma grande diferença para as centenas de milhares de pessoas que fazem cirurgia de substituição valvular todos os anos”, refere Geoff Moggridge.
Teste com a nova válvula cardíaca a todo o gás
Os testes iniciais, em animais, já foram realizados e os de longo prazo estão a ser planeados e já têm financiamento, sendo estes uma etapa essencial antes de se fazer chegar este novo tratamento aos doentes.
Nilesh Samani, diretor médico da Fundação Britânica do Coração, considera que “os doentes que necessitam de uma válvula cardíaca artificial frequentemente enfrentam o dilema de escolher entre uma substituição de válvula metálica ou de tecido. A válvula metálica é duradoura, mas exige que o tome medicamentos para a vida toda”.
No caso de a escolha recair sobre uma de tecido, o medicamento não costuma ser necessário, mas “a válvula é menos durável e significa que o doente pode ter de vir a enfrentar mais cirurgias”.
“A válvula de polímero combina os benefícios de ambas – é durável e não exigiria a necessidade de medicamentos para diluir o sangue. Embora sejam necessários mais testes antes que possa ser usada, é um desenvolvimento promissor.”