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O que dizem os estudos sobre suplementos e produtos de venda livre usados para a depressão

suplementos e chás para a depressão

A maioria das pessoas já ouviu falar de ómega-3. Mas sabia que existem muitos outros produtos e suplementos à base de plantas de venda livre que combatem a depressão? Numa análise de ensaios clínicos com estes produtos, um estudo publicado na revista Frontiers in Pharmacology encontrou 64 produtos de venda livre diferentes avaliados para a depressão, mas com diferentes níveis de evidência.

A depressão é cada vez mais comum e são muitos os que procuram ajuda nas prateleiras dos supermercados, farmácias e lojas online, em forma de produtos de venda livre.

Mas qual a eficácia destes suplementos, chás e afins? E, mais ainda, são estes produtos seguros? Rachael Frost, licenciada em Fitoterapia e professora sénior na Universidade John Moores de Liverpool, quis encontrar resposta para estas questões. Para isso, a sua equipa reviu 23.933 registos de estudos e 1.367 artigos, tendo encontrado 209 ensaios clínicos que avaliaram 64 produtos de venda livre para a depressão, em que o produto foi utilizado durante mais de uma semana.

“Pode ser desafiante classificar os produtos de venda livre – diferentes países têm diferentes regulamentações e alguns produtos são normalmente utilizados em alguns locais, mas não noutros. Dois voluntários ajudaram-nos a restringir as nossas opções, o que nos ajudou a excluir alguns produtos muito obscuros, como o pó para a cabeça de enguia”, explica.

O que diz a comparação com placebo

“Os estudos nem sempre foram simples: alguns testaram doses ou produtos múltiplos, alguns foram adicionados a antidepressivos e, em alguns ensaios, as pessoas apresentavam uma série de condições físicas para além da depressão. Agrupámos as nossas conclusões em produtos com provas substanciais (mais de 10 ensaios), provas emergentes (entre dois e nove ensaios) e apenas ensaios individuais”, refere, concluindo que “os produtos com provas substanciais são os bem conhecidos: ómega-3 (39 ensaios), erva-de-são-joão (38), probióticos (18) e vitamina D (14), bem como o açafrão (18), importante no Médio Oriente e em algumas zonas da Ásia”.

Face ao placebo, são menos os ensaios com ómega-3 que demonstraram efeitos na depressão do que aqueles que não o conseguiram, algo que muda quando se trata da erva-de-são-joão e do açafrão, cujos efeitos surgem com maior frequência em comparação com o placebo. Já os probióticos e a vitamina D apresentaram maior probabilidade de reduzir os sintomas depressivos do que o placebo.

“Dos 18 produtos com evidência emergente, o ácido fólico, a lavanda, o zinco, o triptofano, a rodiola e a erva-cidreira foram os mais promissores. A laranja amarga, a lavanda persa e o chá de camomila também apresentaram efeitos positivos em dois ensaios cada”, refere a especialista.

“Alguns produtos que estão a ganhar popularidade, como a melatonina, o magnésio e a curcumina, apresentaram efeitos mistos na depressão em vários ensaios clínicos. Foram também encontrados resultados mistos para a canela, echium, vitamina C e uma combinação de vitamina D e cálcio. Os prebióticos, que auxiliam as bactérias benéficas do intestino, e um suplemento chamado SAMe não pareceram ser melhores do que o placebo. Quarenta e um produtos tinham apenas um único ensaio disponível. Isto é útil como ponto de partida, mas não nos fornece provas conclusivas.”

Quanto à segurança, Rachael Frost considera “uma boa notícia que tenham surgido muito poucas preocupações de segurança com qualquer um destes produtos, quer sejam tomados isoladamente ou em combinação com antidepressivos. No entanto, um profissional de saúde deve ser sempre consultado sobre a possibilidade de um produto interagir com outro medicamento que esteja a tomar”.

Veredito final: ajudam ou não em caso de depressão?

De acordo com a especialista, o que existem “são provas relativamente conclusivas para alguns produtos. Quando analisamos a investigação sobre o que as pessoas costumam tomar, a camomila, a lavanda, a erva-cidreira e o echium surgiram como produtos habitualmente consumidos com uma base de evidências emergente, que recomendamos que sejam mais estudadas”.

No entanto, há outros medicamentos à base de plantas habitualmente utilizados para sintomas depressivos como o ginseng, o ginkgo, a flor de tília, a flor de laranjeira e a hortelã-pimenta, “mas nenhum estudo avaliou estes produtos. Portanto, o nosso estudo foi pioneiro na exploração de quais as pesquisas necessárias para avaliar melhor estes produtos de saúde amplamente utilizados”.

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