Os novos produtos de tabaco aquecido e as alegações que os têm acompanhado levaram 12 sociedades científicas e organizações de saúde portuguesas a unirem-se numa posição conjunta, em que se declaram “fortemente preocupadas”.
“Não devemos permitir que o debate em torno dos novos produtos do tabaco nos distraia do principal objetivo em questão – promover medidas regulatórias que sabemos serem eficazes na redução do tabagismo e continuar a apoiar aqueles que desejem parar de fumar”, referem, em comunicado.
“Em conclusão, as sociedades médicas e científicas aqui representadas não recomendam a utilização de produtos de tabaco aquecido.”
E alertam “para os seus riscos e mantêm a firme convicção de que a melhor forma de salvaguardar a saúde humana é a prevenção da iniciação de qualquer forma de consumo e o apoio médico para cessação tabágica”.
A Sociedade Portuguesa de Pneumologia, Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar/Grupo de Estudo de Doenças Respiratórias, Confederação Portuguesa de Prevenção do Tabagismo, Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular, Sociedade Portuguesa de Cardiologia, Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária, Sociedade Portuguesa de Medicina do Trabalho, Sociedade Portuguesa de Oncologia, Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia, Sociedade Portuguesa de Medicina Interna e Sociedade Portuguesa de Pediatria são as entidades signatárias desta posição conjunta.
O que está em causa
Quando se referem a tabaco aquecido, estas organizações remetem para os dispositivos eletrónicos com um pequeno cigarro contendo tabaco, que produzem aerossóis com nicotina e outros químicos que são inalados pelo utilizador.
O que aqui motiva preocupação é o conteúdo de nicotina, substância altamente aditiva que existe no tabaco, causando dependência nos seus utilizadores, para além de estarem presentes outros produtos adicionados que não existem no tabaco e que são frequentemente aromatizados.
Para além disso, os especialistas referem que este tipo de tabaco permite imitar o comportamento dos fumadores de cigarro convencional, podendo haver o risco de os fumadores alterarem o seu consumo para estes novos produtos em vez de tentarem parar de fumar.
A isto junta-se o facto de serem “uma tentação para não fumadores e menores de idade iniciarem os seus hábitos tabágicos. Atualmente, a experimentação e uso de cigarros eletrónicos e outros produtos de tabaco pelos adolescentes e jovens está a sofrer um crescimento exponencial”.
Estudos que deixam a desejar
No que diz respeito à segurança e risco para a saúde, não existe evidência que demonstre que o tabaco aquecido é menos prejudicial do que o cigarro convencional.
Ainda que a indústria do tabaco afirme haver uma redução de 90 a 95% na quantidade de substâncias nocivas e na toxicidade dos cigarros aquecidos, “grande parte destas alegações baseia-se em estudos publicados pela própria indústria, com conflitos de interesse evidentes, havendo muitas evidências de que não se deve confiar neste tipo de estudos”.