As alterações climáticas são reais e o impacto que podem causar na saúde também, revela um estudo, que alerta: é preciso passar das palavras às ações.
Ainda que muitos as continuem a considerar fruto da imaginação, as alterações climáticas são reais e o impacto que podem causar na saúde também, revela um estudo realizado por especialistas de 27 instituições e organizações intergovernamentais, publicado na revista The Lancet.
Ondas de calor, doenças infecciosas, poluição do ar e subnutrição são riscos reais, alerta o relatório, que pede, mais do que palavras, ações capazes de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, para que se mantenha o aquecimento global abaixo de 1,5° C.
Mas afinal, de que forma é que a saúde humana tem sido, e vai continuar a ser, vítima destas mudanças no clima?
Cada vez mais ondas de calor
Nove dos dez anos mais quentes foram registados desde 2005, revela o documento, que confirma que, em 2017, aumentou o número de pessoas vulneráveis expostas às ondas de calor. Subidas na temperatura que foram responsáveis por 153 mil milhões de horas de trabalho perdidas no mesmo ano, um aumento de mais de 62 milhões de horas desde 2000.
Um ar demasiadas vezes irrespirável
Entre 2010 e 2016, as concentrações da poluição do ar pioraram em quase 70% das cidades do mundo, sobretudo nos países com menores rendimentos. Só em 2015, as partículas mais finas foram responsáveis por 2,9 milhões de mortes prematuras.
Os transportes têm aqui uma parte importante da culpa, sendo um dos principais responsáveis por muitos dos problemas de poluição atmosférica nas zonas urbanas, situação que tem tendência a piorar. Até porque, em média, cada pessoa usou mais 2% de combustível em 2015, comparando com 2013.
Ameaça tropical
As alterações climáticas, sobretudo o aquecimento global e as mudanças na precipitação, podem afetar o alcance e a abundância dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, que se reproduzem em poças de água morna e estagnada e são responsáveis pela transmissão de doenças como a febre-amarela, dengue e Zika.
Problemas que, se até aqui eram exclusivos das zonas mais tropicais, começam a reocupar as autoridades de países de outras geografias, como a Europa.
Subnutrição e fome
O aumento do risco e da intensidade das chuvas, que as torna devastadoras, faz-se sentir ao mesmo tempo que aumenta também o número e gravidade dos incêndios florestais. Nos países mais pobres do mundo, as mudanças do clima estão já a começar a afetar o acesso à alimentação. Um problema que rouba cada vez mais vidas.
Serviços de saúde em risco
Mais da metade das cidades avaliadas pelo estudo publicado no The Lancet estão à espera que as alterações climáticas comprometam seriamente as infraestruturas de saúde pública, seja pelo impacto direto das catástrofes naturais ou através da sobrecarga dos serviços devido ao aumento da carga das doenças.