DPOC, asma e outras doenças subdiagnosticadas e subtratadas
Doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), asma, apneia do sono, fibrose pulmonar idiopática, bronquiectasias são algumas das doenças que fazem integram o grupo das doenças respiratórias crónicas e que, “em Portugal, estão ainda muito subdiagnosticadas”, refere Alda Marques, coordenadora do Lab3R da ESSUA e responsável pelo 3R.
Só entre 2011 e 2016, o diagnóstico da doença pulmonar obstrutiva crónica aumentou 241% e o da asma 234%. “Estas doenças são crónicas e, portanto, já estavam há muito presentes na população, nunca tinham é sido diagnosticadas”, acrescenta.
A ausência de uma rede nacional de espirometria que permita avaliar a saúde dos pulmões e a falta de sensibilização da comunidade em geral para a enorme presença destas doenças são algumas das razões que justificam o subdiagnóstico destas doenças.
A isto junta-se a inexistência de outra rede, esta de reabilitação respiratória, à qual se junta a falta de conhecimento da população para a sua importância, fatores que explicam porque é que “menos de 1% das pessoas afetadas estão a receber reabilitação respiratória”.
“As doenças respiratórias, possíveis de prevenir e tratar, representam um problema de saúde pública substancial, com enorme sobrecarga para os doentes e famílias, mas também para a economia e sistemas de saúde e sociais.”
E os dados apontam no sentido de um crescimento do número de pessoas afetadas, “devido à exposição contínua a fatores de risco e ao envelhecimento da população”.
Alda Marques diz ser fundamental que “as pessoas possam ser referenciadas o mais precocemente possível e acompanhadas de forma personalizada, de acordo com as suas necessidades e expectativas, independentemente do local onde vivem ou severidade de doença que têm”.
3R, uma plataforma para doentes, familiares e profissionais de saúde
É aqui que entra a plataforma 3R. Desenvolvida para Portugal e para os Países da Comunidade de Língua Portuguesa, visa ajudar as pessoas com doenças respiratórias crónicas e promover a parceria entre doentes, familiares, comunidade e profissionais de saúde.
“Pretendemos facilitar o acesso, de forma gratuita, a toda a informação referente às doenças respiratórias crónicas e à reabilitação respiratória, e assim contribuir para a adoção de estilos de vida saudáveis e para uma melhoria da qualidade de vida destes doentes””, explica Alda Marques.
Nela, “doentes, familiares e a comunidade em geral podem encontrar informações úteis, em folhetos e vídeos, acerca das doenças respiratórias crónicas e da reabilitação respiratória, testemunhos de experiências vividas bem como acompanhar as novidades acerca destes temas”.
Para além disto, a 3R quer também ser “um ponto de referência para os profissionais de saúde, permitindo desenhar e implementar programas de reabilitação respiratória baseados na evidência”.
Os profissionais de saúde terão assim acesso a uma listagem de recursos materiais e humanos necessários para implementar programas de reabilitação respiratória, a uma lista compreensiva de instrumentos para avaliar os efeitos da reabilitação respiratória nos doentes, a orientações de como implementar os programas, a material informativo para as sessões psicoeducativas e a folhas de registo das sessões.