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Porquê falar de saúde mental e AVC?

coração

No Dia Mundial da Saúde Mental, que se assinala a 10 de outubro, Filipa Dourado Sotero, médica neurologista e membro da Sociedade Portuguesa do AVC, fala de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e da sua relação com a depressão. “O AVC pode limitar de modo significativo o desempenho funcional do indivíduo, seja na realização de tarefas comuns do dia-a-dia como caminhar ou mexer o café da manhã, mas também pode ter impacto nas relações pessoais, familiares e sociais.”

depressão e AVC
Filipa Dourado Sotero, médica neurologista e membro da Sociedade Portuguesa do AVC

A associação entre alterações neuropsiquiátricas e AVC tem sido amplamente estudada e sabe-se que estas contribuem para o impacto negativo multidimensional do AVC. De entre as várias alterações conhecidas, a depressão é uma das mais frequentes. Estima-se que até um terço dos doentes desenvolva sintomas depressivos durantes os primeiros cinco anos após sofrer um AVC.

Foi demonstrado que entre um grupo de doentes com igual limitação funcional (ex. incapacidade para caminhar), a depressão parece ser mais frequente nos que sofreram um AVC do que naqueles que apresentam limitação funcional por outro motivo. 

Então, porque surge a depressão após AVC? O impacto psicológico gerado pelas limitações impostas pelo AVC pode ser suficiente para originar sintomas depressivos. Contudo, a própria lesão cerebral provocada pelo AVC pode contribuir para o desenvolvimento destes sintomas neste grupo de doentes.

Vários fatores contribuem para a depressão após AVC. O cenário clínico, isto é, a gravidade do AVC e as limitações sofridas pelo doente são os fatores de risco mais facilmente identificados. Contudo, é importante lembrar que outros fatores como a idade, sexo, história médica e psiquiátrica prévia e o suporte social de cada doente desempenham um papel igualmente relevante. O conhecimento dos fatores de risco é importante, porque muitos deles podem ser facilmente reconhecidos e identificados, quando procurados, e uma parte deles são passíveis de algum tipo de intervenção (ex: melhorar o apoio social prestado a estes doentes).

Porque é importante falar de depressão após AVC? A depressão após AVC é um preditor de pior prognóstico e associa-se a menor sucesso na reabilitação, maior grau de incapacidade para as atividades de vida diária, alterações do sono, alterações cognitivas, isolamento social e mesmo a um aumento da mortalidade. 

Assim, conhecer a natureza da depressão após AVC e os seus fatores de risco torna-se essencial para aprimorar o seu diagnóstico e tratamento. Promover esta consciencialização contribuirá para nos aproximarmos do nosso objetivo – o melhor cuidado para o doente com AVC!

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