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Repensar as dietas para crianças com excesso de peso: dicas e conselhos

excesso de peso nas crianças

Nas últimas décadas, a obesidade infantil tornou-se uma crise de saúde global, intensificada pelas rotinas sedentárias e pelas interrupções alimentares. O excesso de peso adquirido no início da vida não só leva a complicações físicas e psicológicas, como prepara o terreno para a obesidade na idade adulta e os modelos tradicionais de tratamento envolvem frequentemente um controlo rigoroso das calorias, o que pode sobrecarregar as crianças pequenas e criar associações negativas com a comida. De facto, a investigação mostra que a pressão para fazer dieta pode agravar o aumento de peso e a alimentação emocional, sendo necessárias abordagens mais gentis, como as apresentadas recentemente.

Recentemente, a revista Pediatric Discovery publicou uma revisão liderada por Karolina Kuźbicka, da Universidade Médica de Gdańsk, na Polónia que, com base em duas décadas de literatura científica e conhecimento clínico, descreve um conjunto prático de estratégias nutricionais para combater o excesso de peso e a obesidade infantil, sem o recurso à contagem de calorias.

Destinada a profissionais de saúde, educadores e pais, a revisão enfatiza rotinas simples e flexíveis que respeitam as necessidades emocionais das crianças e promovem mudanças comportamentais duradouras.

Em vez de limites calóricos ou planos alimentares rígidos, a revisão apresenta quatro estratégias fundamentais:

  1. horários estruturados para as refeições,
  2. pequenos-almoços equilibrados,
  3. planeamento alimentar baseado em proporções,
  4. uma atitude saudável em relação à alimentação.

Por exemplo, a autora recomenda eliminar os snacks não planeados entre as refeições, manter horários consistentes e incentivar as refeições em família para promover uma alimentação consciente.

O pequeno-almoço é destacado como um hábito essencial, que contribui para uma melhor ingestão de nutrientes e função cognitiva e pequenas mudanças, como substituir os cereais açucarados por papas ricas em fibra, podem fazer uma diferença significativa quando se trata do peso.

A revisão defende ainda o uso de modelos visuais de pratos ou diretrizes de porções diárias para simplificar as decisões alimentares sem invocar a ansiedade calórica. É importante realçar que o contexto emocional da alimentação ocupa o centro do palco. Em vez de obrigar as crianças a comer determinados alimentos, os pais são encorajados a modelar escolhas saudáveis e a criar um ambiente positivo e de baixa pressão à volta das refeições.

Técnicas como os gráficos de autocolantes ou o envolvimento das crianças na preparação das refeições ajudam a desenvolver a confiança e o sentido de responsabilidade, referem os especialistas. Estratégias que visam não só reduzir o peso, mas também reformular a alimentação como uma atividade de apoio e centrada na família, uma atividade que estabelece as bases para uma saúde duradoura.

“A obesidade infantil não é apenas uma questão nutricional — é emocional”, afirma Karolina Kuźbicka, autora principal da revisão. “O que as crianças mais precisam não é de controlo alimentar, mas de orientação, rotina e confiança. O nosso papel é moldar um ambiente doméstico onde as escolhas saudáveis sejam naturais, não forçadas. Ao fazer pequenas mudanças sustentáveis, podemos ajudar as famílias a mudar o foco da contagem de calorias para o bem-estar a longo prazo.”

Estas estratégias que priorizam a nutrição oferecem uma solução de baixo stress e alto impacto para os profissionais e famílias que enfrentam o aumento do excesso de peso e da obesidade infantil.

A sua adaptabilidade torna-as especialmente úteis em escolas, clínicas e em casa, sem a necessidade de dietas complexas ou ferramentas de monitorização rigorosas.

Embora esta revisão se concentre na nutrição, a estrutura abre portas à integração com a atividade física e o apoio psicológico para aumentar ainda mais o impacto. À medida que a investigação e a prática evoluem, este método gentil e centrado na criança pode tornar-se a base dos esforços de saúde pública, capacitando as crianças não através de restrições, mas através de hábitos saudáveis e de uma cultura alimentar positiva que ajuda a reduzir o seu peso.

Crédito imagem: Unsplash

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