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Solidão e isolamento voltam a níveis pré-pandemia, mas continuam altamente preocupantes

níveis de solidão

Sabemos que a solidão e isolamento aumentaram bastante durante a pandemia COVID-19 e as suas quarentenas. Em todo o mundo, milhões de pessoas das mais diversas idades viram-se obrigadas a largar a sua vida social e laboral como a conheciam até então, para entrarem numa nova realidade. Quatro anos depois, os níveis de solidão e isolamento regressam aos valores de 2019, mas ainda assim são altamente preocupantes.

Um estudo produzido pela Universidade de Michigan demonstrou que mais de um terço das pessoas entre os 50 e os 80 anos se sentem solitários e isolados. Estes dados são referentes à população americana, mas o estudo pode ser transposto para outros países. 

O artigo, publicado na revista científica JAMA, destaca também que alguns adultos mais velhos diagnosticados com problemas de saúde física ou mental apresentam taxas ainda mais altas de solidão e isolamento social.

Os mais recentes dados demonstraram que, em 2024, 33% dos adultos mais velhos sentiram-se solitários algumas vezes ou frequentemente no ano passado, assemelhando-se à taxa conhecida de 2018 (34%). Já durante os anos da pandemia, verificou-se que 42% dos adultos mais velhos sentiram esse nível de solidão. 

Além disso, 29% dos idosos sentiam-se isolados algumas vezes ou frequentemente, em 2024, um valor acima dos 27% observado em 2018. Durante os primeiros meses da pandemia COVID-19, esse valor subiu para 56%. Ainda assim, esse valor tem diminuído significativamente a cada ano.

“À primeira vista, pode parecer uma ótima notícia, porque estamos de volta aos valores antes da pandemia. Mas essa base não era boa, principalmente para os adultos mais velhos, que mantêm elevadas taxas de solidão e isolamento social”, refere Preeti Malani, autora principal do estudo e professora de Medicina Interna na Faculdade de Medicina da Universidade de Michigan. 

Ainda assim, nem tudo são más notícias: “Uma das maiores diferenças é que, atualmente, temos maior reconhecimento do impacto da solidão e do isolamento na saúde, especialmente à medida que envelhecemos.”

A relação entre saúde física e mental

Os grupos de idosos com maiores taxas de solidão em 2024 foram:

  • Aqueles que disseram que a sua saúde mental é razoável ou má: 75% (em 2018, era 74%)
  • Aqueles que disseram que a sua saúde física é razoável ou má: 53% (acima dos 50% em 2018)
  • Aqueles que não estavam a trabalhar ou recebiam renda por invalidez (não inclui aposentados): 52% (acima dos 38% em 2018)

Os grupos com maiores taxas de isolamento social em 2024 foram:

  • Aqueles que disseram que a sua saúde mental é razoável ou má: 77% (ligeiramente acima dos 79% em 2018)
  • Aqueles que disseram que a sua saúde física é razoável ou má: 52% (contra 43% em 2018)
  • Aqueles que não estavam a trabalhar ou recebiam renda por invalidez (não inclui aposentados): 50% (acima dos 36% em 2018)

“Essas tendências deixam claro que os médicos devem ver a solidão e o isolamento como um fator-chave na vida dos seus doentes, especialmente daqueles com problemas graves de saúde física ou mental”, destaca Jeffrey Kullgren, diretor da pesquisa e professor associado de Medicina Interna na Universidade de Michigan.

Estes valores de 2024 são o dobro, ou até mais, das taxas de solidão e isolamento observadas entre adultos mais velhos que disseram que a sua saúde física ou mental era excelente, muito boa ou boa.

“Devemos considerar a triagem desses problemas nos nossos doentes e conectá-los a recursos nas suas comunidades, seja um centro para idosos, grupos de veteranos, oportunidades de voluntariado ou serviços oferecidos por organizações comunitárias”, acrescenta Jeffrey Kullgren.

Outras descobertas importantes

O estudo comprovou também que os adultos de 50 a 64 anos eram mais propensos a dizer que se sentiam solitários ou isolados, comparativamente com os idosos de 65 a 80 anos, não retomando os valores pré-pandemia. 

Além disso, também o rendimento e o agregado familiar são fatores preponderantes para o sentimento de solidão e isolamento. Os dados demonstram que pessoas com rendimento familiar mais baixo e que vivem sozinhos têm mais probabilidade de se sentirem isolados ou solitários. No entanto, as taxas de 2024 para as pessoas que vivem sozinhas eram menores do que para aqueles que vivem com alguém.

 

Crédito imagem: Pexels

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