Menos quilómetros percorridos, maior poupança em tempo e dinheiro e maior rapidez no momento da recolha. Estes foram os benefícios percecionados por 23,2% dos utentes que antes do confinamento levantavam a medicação no hospital e passaram a fazê-lo num modelo de proximidade, ou seja, levantando-a numa farmácia perto de si ou recebendo-a em casa.
Estas são algumas das conclusões do estudo sobre a “Acessibilidade e dispensa de proximidade ao medicamento hospitalar”, realizado a doentes e cuidadores, e que será apresentado na 12.ª edição do Fórum do Medicamento, uma iniciativa da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), com o apoio da AstraZeneca.
Cada utente que optou pela entrega de proximidade durante o confinamento e que assim se manteve após esse período, poupou em média 112 km em deslocações (ida e volta) e 92% passaram a gastar menos de cinco euros com as mesmas.
Isto também se traduziu numa poupança de tempo, refletido em menos ausências no trabalho – se antes, no modelo de dispensa hospitalar, 55% destes utentes precisavam de faltar ao trabalho ou tirar férias, agora 90% não precisam de o fazer porque, ao passarem para o modelo de proximidade, 80,5% passaram a esperar menos de 15 minutos.
Em relação ao futuro, 82,9% dos inquiridos gostariam que o levantamento da medicação fosse realizada numa farmácia perto de si (43,7%) ou em casa (39,2%) e 65% mostram-se disponíveis para pagar por essa dispensa de proximidade, independentemente de pagarem ou não taxas moderadores.
A utilização de aplicações para consultar o ponto de situação da entrega da medicação é também considerada pelos inquiridos como muito útil, com uma avaliação de 4,17, numa escala de 1 a 5.
O estudo da APAH contou com uma amostra de 510 indivíduos responsáveis pelo levantamento da medicação de dispensa exclusiva hospitalar, sendo proporcional à população portuguesa de acordo com a incidência das doenças para as quais é necessário utilizar medicação de dispensa exclusiva hospitalar.
Toda a informação foi recolhida através de entrevistas online, suportadas por um questionário com perguntas fechadas, semi-fechadas e abertas.
Com o tema “Acesso ao medicamento: precisamos de um novo normal?”, o Fórum do Medicamento contará com a apresentação pública dos resultados deste estudo, e irá promover ainda uma reflexão sobre o modelo nacional para o acesso ao medicamento hospitalar, uma vez que, com a experiência adquirida em contexto de pandemia, coloca-se a questão se a respetiva dispensa destes medicamentos não poderá passar a ser feita num regime de maior proximidade, respondendo às necessidades específicas dos utentes.