Perda progressiva e irreversível de memória, linguagem e capacidade de pensamento são algumas das consequência da doença de Alzheimer, a forma mais comum de demência e que, segundo os dados da Organização Mundial da Saúde, afeta cerca de 48 milhões de pessoas em todo o mundo. Um problema difícil de identificar nas fases iniciais. Agora, um novo estudo recorre aos olhos para encontrar pistas.
“Existem sinais que podem surgir muito cedo na progressão da doença de Alzheimer, mesmo várias décadas antes de os sintomas aparecerem”, explica Maya Koronyo-Hamaoui, professora associada de Neurocirurgia e Ciências Biomédicas e coautora do estudo. “Detetar estes sinais pode ajudar a diagnosticar a doença com mais precisão, permitindo uma intervenção de tratamento mais precoce e eficaz”.
O ensaio clínico, que envolveu um grupo de participantes com mais de 40 anos e com sinais de declínio cognitivo, recorreu a uma técnica não invasiva para capturar imagens da retina – o revestimento localizado na parte posterior do olho e que está diretamente conectado ao cérebro.
Após esta etapa e ao estudar as imagens recolhidas, os investigadores descobriram algo bastante interessante. Ao identificar certas regiões periféricas na retina dos participantes, que correspondiam às regiões cerebrais mais afetada pela doença, foi possível reconhecer aqueles que tinham uma maior probabilidade de vir a desenvolver Alzheimer ou deficiências cognitivas.
Assim, os resultados deste estudo, publicado na revista Alzheimer’s & Dementia: Diagnosis, Assessment & Disease Monitoring, podem vir a ajudar médicos a prever mudanças no cérebro e a deterioração cognitiva, mesmo em doentes que apresentem os primeiros sintomas de forma ainda bastante ligeira.
“Este trabalho pode orientar futuros estudos neurológicos e da retina para detetar o Alzheimer, avaliar a progressão da doença e identificar as primeiras opções de tratamento”, sublinha Keith Black, coautor do estudo.