Scroll Top

O Rim não Dói: campanha alerta para doença silenciosa que afeta quase 10% da população

rim, doença renal crónica, o rim não dói

Exames e consultas frequentes, alterações e restrições alimentares, cansaço, cãibras, ansiedade, stress e, em muitos casos, necessidade de diálise. É assim o dia a dia das pessoas com doença renal crónica, um problema cuja gestão e tratamento, segundo Paulo Urbano, Presidente da Associação Portuguesa de Insuficientes Renais (APIR), “tem um elevado impacto nas rotinas quotidianas e um impacto emocional, estando associada a altos níveis de ansiedade, stress e depressão”. E apesar de, como refere o Professor Edgar Almeida, da Sociedade Portuguesa de Nefrologia (SPN) “ser muito prevalente – atinge quase 10% da população – é pouco conhecida”. É para mudar este cenário que nasce a campanha ‘O Rim não Dói’ [#orimnaodoi | orimnaodoi.pt], uma iniciativa da APIR, com o apoio científico da SPN e o apoio institucional da Boehringer Ingelheim, para reforçar a importância da saúde renal e do diagnóstico precoce.

Uma exigência ainda maior tendo em conta que se trata de uma doença que tem como principais desafios “a ausência de sintomas na fase inicial ou sintomas pouco específicos, pouca cultura preventiva, reduzida consciencialização na sociedade em geral, principalmente em grupos de risco, como pessoas com diabetes, hipertensão ou histórico familiar de doença renal e dificuldade de acesso aos cuidados de saúde primários”, explica Paulo Urbano.

Porque, acrescenta ainda, “o diagnóstico precoce é um fator determinante para a qualidade de vida do doente renal, pois com um acompanhamento médico adequado e alterações alimentares poderá ser possível evitar ou atrasar a progressão da doença para estádios mais graves, reduzir o aparecimento de comorbilidades, preparar com tempo a opção por um tratamento substitutivo (caso se venha a verificar necessário), facilitando a sua adaptação e minimizando os riscos associados”.

E a campanha vai ter com os portugueses onde estes mais se encontram no verão – as praias -, para os alertar para os cuidados renais.

De 09 a 16 de agosto, ‘O Rim não Dói’ vai estar na praia da Figueira da Foz (dia 09), de Carcavelos (dia 11), de Sesimbra (dia 12) | Praia de alfarim, de Portimão (dia 14), de Quarteira (dia 15) | Praia do Forte Novo e de Lagos (dia 16) | Praia do Porto de Mós a partilhar informação e a sensibilizar.

Uma doença silenciosa

“A doença renal crónica é uma condição em que existe lesão renal que persiste por mais de três meses”, refere o Professor Edgar Almeida. “A lesão renal pode manifestar-se pelo aparecimento de proteínas na urina (albuminúria) ou de perda da função depuradora renal, que conduz à acumulação de substâncias no sangue (que deviam ter sido eliminadas pelos rins)”, acrescenta, reforçando que “são múltiplos os fatores de risco, mas os mais comuns são a diabetes, a pressão arterial elevada, o tabagismo, a obesidade e o sedentarismo”.

Silenciosa nas suas fases iniciais, apresenta, ainda assim, sintomas aos quais importa estar atento: “cansaço excessivo e dificuldade de concentração – causados pela acumulação de toxinas no sangue ; inchaço (edema) – principalmente nos pés, tornozelos e mãos devido à retenção de líquidos; alterações na urina – aumento ou diminuição na frequência urinária, espuma na urina (indicando a presença de proteínas), ou urina mais escura; hipertensão arterial – este pode ser tanto um fator de risco quanto um sintoma; náuseas e vómitos; comichão (prurido); falta de apetite e perda de peso; cãibras e fraqueza muscular; dificuldade respiratória – nos casos mais graves, o excesso de líquidos pode afetar os pulmões, causando falta de ar, assim como muitos sintomas podem ser confundidos com outras condições”, explica Paulo Urbano.

Não se sabe, confirma o professor Edgar Almeida, qual é a incidência da doença renal crónica nas fases iniciais. “O que sabemos é que a sua prevalência em todas as fases (excluindo a diálise e a transplantação renal) é 9,8%, o que representa quase 1 milhão de portugueses. Quando a doença evolui e se torna necessário fazer um tratamento substitutivo – diálise ou transplante renal –, é possível calcular a incidência de novos casos em fase avançada. Em Portugal, em 2024, 2506 pessoas iniciaram diálise, contribuindo para o total de 14.089 pessoas que se encontravam a realizar estes tratamentos (em Portugal, a 31 de dezembro de 2024). Somando a estes números, os casos de transplantação renal e tratamento médico conservador, assistimos a valores de incidência e prevalência dos mais elevados da Europa – incidência de 271,6 por milhão de população (PMP) e prevalência de 2046 PMP”.

Quando a doença se torna sintomática, “já é tarde demais”, confirma o especialista, que reforça que “a nossa única esperança é detetá-la nas pessoas com os fatores de risco e iniciar precocemente as intervenções necessárias para atrasar a sua progressão”.

De facto, quando a doença renal é crónica, “os rins perderam a maior parte da sua função e a pessoa passa a necessitar de uma terapia substitutiva da função renal, como a diálise ou transplante renal”, afirma Paulo Urbano. Em relação a este último, “para ser elegível, o doente deve passar por uma avaliação médica rigorosa, que garanta que está clinicamente apto e estável e tem um bom estado geral de saúde, ou seja, que não tem nenhum impedimento que comprometa o sucesso da cirurgia e do próprio transplante”. No entanto, refere o professor Edgar Almeida, “infelizmente, a maioria das pessoas não tem condições clínicas para fazer um transplante renal. A maioria das que iniciam diálise têm mais de 70 anos e muitas outras doenças – cardíacas, vasculares, neoplásicas – que impedem optar pelo transplante”.

Para evitar atingir estas fases, acrescenta Paulo Urbano, é importante a consulta regular a um médico, “fazendo análises de rotina, incluindo creatinina no sangue e taxa de filtração glomerular (TFG), controlar a tensão arterial e a diabetes”, mas também “estar atento ao seu bem-estar geral e manter um estilo de vida saudável”.

E não esquecer que “os rins são verdadeiros heróis silenciosos do corpo, trabalhando incansavelmente para filtrar toxinas, equilibrar fluidos e manter o organismo saudável. No entanto, muitas pessoas só começam a pensar na saúde renal quando já começam a dar problemas”. A mensagem essencial é, refere, salientar a importância de “cuidados dos rins antes que eles precisem de cuidados urgentes. Pequenos hábitos diários, como beber água suficiente, manter uma alimentação equilibrada e controlar a pressão arterial, fazem uma diferença enorme na prevenção da doença renal”.

campanha o rim não dói

Posts relacionados