Usada como especiaria, a curcuma é uma planta que se encontra também em muitos suplementos alimentares, anunciados como tendo propriedades digestivas, antioxidantes e anti-inflamatórias. No entanto, após vários relatos de hepatite em Itália e França, a Agência Nacional de Segurança Sanitária e Alimentar francesa (ANSES) alerta para os riscos de efeitos adversos associados ao consumo de suplementos alimentares com curcuma.
Costuma ser usado como tempero em vários tipos de cozinha, mas o açafrão é ainda um ingrediente da medicina tradicional indiana e chinesa devido às suas potenciais propriedades digestivas, antioxidantes e anti-inflamatórias. Além disso, muitos suplementos alimentares com açafrão ou a sua substância ativa, a curcumina, estão disponíveis no mercado.
Recentemente, Itália identificou cerca de vinte casos de hepatite que envolveram a ingestão de suplementos alimentares com açafrão. Em França, as autoridades registaram mais de 100 notificações de efeitos adversos provavelmente associados ao consumo de suplementos alimentares com açafrão ou curcumina, incluindo 15 casos de hepatite.
Por isso, decidiram chamar a atenção para os riscos associados a este tipo de suplementos. Para o consumo de curcumina sem risco para a saúde, a Autoridade Europeia para Segurança Alimentar definiu a ingestão diária aceitável de 180 mg de curcumina por dia para um adulto de 60 kg.
No entanto, têm sido identificados formulações que aumentam a biodisponibilidade desta substância e combinações com outros ingredientes que podem ser preocupantes.
“A curcumina é muito pouco biodisponível, ou seja, não passa pela corrente sanguínea com dificuldade e é eliminada muito rapidamente pelo organismo. Os fabricantes desenvolveram várias formulações para melhorar essa biodisponibilidade e, assim, aumentar os efeitos da curcumina”, explica Fanny Huret, coordenadora de avaliação especializada da ANSES.
E mesmo que os níveis aceitáveis de ingestão diária, estas novas formulações podem representar um risco de efeitos adversos para a saúde, aumentando a biodisponibilidade da curcumina no organismo.
Curcuma desaconselhada para certos grupos
A curcuma tem propriedades coleréticas, ou seja, estimula a secreção da bílis, essencial para uma boa digestão. Como todas as outras substâncias e preparações com estas propriedades, é desaconselhado o consumo de suplementos alimentares à base de curcuma para pessoas que sofrem de doenças do trato biliar.
Além disso, existe um risco associado às interações da curcumina com certos medicamentos, como anticoagulantes, medicamentos anticancerígenos e imunossupressores, cuja eficácia ou segurança pode ser prejudicada.