Apesar de todos os avanços na ciência, do crescente conhecimento sobre os fatores de risco, sinais e sintomas, o cancro do pulmão continua a manter-se nos lugares cimeiros da lista de tumores malignos com mais incidência e mortes. Por isso, neste Mês de Sensibilização para o Cancro do Pulmão, o objetivo é quebrar o silêncio à volta desta doença e alertar para a importância da deteção precoce, já que 80% dos casos são diagnosticados em fase avançada.
Os dados do Global Cancer Observatory mostram que em 2022 se contabilizaram mais de seis mil novos casos deste tipo de cancro em Portugal, o que o torna o 4.º mais comum, mas o mais letal (mais de 5.000 óbitos). No mundo, nesse mesmo ano, foi o cancro mais frequentemente diagnosticado e a principal causa de mortes relacionadas com este tipo de doenças, com aproximadamente 2,48 milhões de novos casos e 1,8 milhões de mortes. Se nada mudar, as estimativas apontam para o aumento da incidência para 4,62 milhões de novos casos e 3,55 milhões de mortes até 2050.
No âmbito desta sensibilização, a apresentadora Júlia Pinheiro juntou-se à Pulmonale – Associação Portuguesa de Luta Contra o Cancro do Pulmão, numa iniciativa apoiada pela Accord, para chamar a atenção para os sinais de alerta desta doença. Através de dois vídeos no Instagram, Júlia Pinheiro transmite uma mensagem clara e essencial: devemos estar atentos aos sinais que o nosso corpo nos dá. Muitas vezes, sintomas aparentemente banais podem ser indicadores de algo mais grave, e ignorá-los pode fazer toda a diferença entre um diagnóstico precoce ou um diagnóstico em fase avançada.
Os sinais do cancro do pulmão podem manifestar-se de formas variadas e são, frequentemente, confundidos com outras doenças respiratórias comuns. A tosse persistente é o sintoma mais frequente, mas há outros, como a falta de ar (dispneia), sangue na expetoração, febre, fadiga ou perda de peso inexplicável (2). A mensagem de Júlia Pinheiro reforça precisamente isto: cuidar de nós próprios implica prestar atenção ao que o nosso corpo comunica e procurar ajuda médica quando algo não está bem. O diagnóstico precoce pode salvar vidas.
Isabel Magalhães, presidente da Pulmonale, sublinha o impacto devastador que este tipo de cancro tem nos doentes e nas suas famílias. “O cancro do pulmão continua a ser uma das formas mais agressivas de cancro, com um impacto profundo não apenas na saúde física dos doentes, mas também no seu bem-estar emocional e na qualidade de vida das suas famílias. É fundamental que a sociedade compreenda a gravidade desta doença e a urgência de atuar preventivamente”, afirma.
A presidente da associação destaca ainda que o estigma associado ao cancro do pulmão, muitas vezes associado ao tabagismo, não deve impedir ninguém de procurar ajuda e de aderir ao rastreio, que se espera ser disponibilizado aos cidadãos, dentro em breve.
A deteção precoce – a intervenção mais poderosa para salvar vidas – e a redução dos riscos continuam a ter espaço para mudar os números e ainda reduzir a pressão sobre os sistemas de saúde a longo prazo: estima-se que o cancro do pulmão vá custar à economia global mais de três mil milhões de euros entre 2020 e 2050.
A prevenção passa por adotar estilos de vida mais saudáveis, incluindo deixar de fumar ou nunca começar, evitar a exposição ao fumo passivo e a substâncias tóxicas, e manter hábitos que fortaleçam o sistema respiratório. No entanto, é importante salientar que o cancro do pulmão não afeta apenas fumadores, mas pessoas que nunca fumaram também podem desenvolver a doença. Por isso, a vigilância e o conhecimento dos sinais de alerta são fundamentais para toda a população, independentemente do seu historial de tabagismo.















