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‘Biópsias virtuais’ podem substituir as biópsias de tecido no futuro

biópsias

Uma nova técnica de computação avançada, que usa exames médicos de rotina para permitir que os médicos façam menos biópsias aos tumores, mas mais precisas, foi desenvolvida por investigadores na área do cancro da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. No futuro, a técnica pode até mesmo substituir as biópsias clínicas por “biópsias virtuais”, poupando os doentes a procedimentos invasivos.

A investigação, publicada na revista European Radiology, mostra que a combinação de exames de tomografia computadorizada (TC) com imagens de ultrassom cria um guia visual para os médicos garantirem a amostragem de toda a complexidade de um tumor com menos biópsias direcionadas.

Capturar a diversidade de diferentes tipos de células cancerígena dentro de um tumor, o que é conhecido como heterogeneidade do tumor, é fundamental para selecionar o melhor tratamento, porque as células geneticamente diferentes podem responder de formas diferentes ao tratamento.

A maioria dos doentes com cancro é submetida a uma ou várias biópsias para confirmar o diagnóstico e planear o tratamento. Mas como este é um procedimento clínico invasivo, há uma necessidade urgente de reduzir o número de biópsias feitas e garantir que as biópsias recolhem amostras com precisão das células geneticamente diferentes no tumor, sobretudo no caso de doentes com cancro do ovário.

Referido como um “assassino silencioso”, uma vez os primeiros sintomas podem ser difíceis de detetar, quando o cancro do ovário é diagnosticado, isso acontece num estadio avançado, com taxas de sobrevivência que não mudaram muito nos últimos 20 anos.

Mas o diagnóstico tardio não é o único problema. Estes tumores tendem a ter um elevado nível de heterogeneidade tumoral e os doentes com manchas de células cancerígenas geneticamente diferentes tendem a ter uma resposta mais pobre ao tratamento.

Evis Sala, especialista do Departamento de Radiologia, do CRUK Cambridge Center, lidera uma equipa multidisciplinar de radiologistas, físicos, oncologistas e cientistas computacionais, que usam técnicas de computação inovadoras para revelar a heterogeneidade do tumor a partir de imagens médicas padrão.

O futuro das biópsias

Este novo estudo, liderado pela professora Sala, envolveu um pequeno grupo de pessoas com cancro do ovário avançado, que deveriam realizar biópsias guiadas por ultrassons antes do início da quimioterapia.

Para o estudo, os doentes realizaram primeiro uma tomografia computadorizada de rotina, que criou uma imagem 3D do tumor a partir de várias ‘fatias’ de imagem do corpo.

Os investigadores usaram então um processo chamado radiómica, que usam métodos de computação de elevada potência para analisar e extrair informações adicionais das imagens ricas em dados criados pelo tomógrafo, para identificar e mapear áreas e características distintas do tumor.

Ao fazer biópsias direcionadas usando este método, a equipa relatou que a diversidade de células cancerígenas dentro do tumor foi capturada com sucesso.

Lucian Beer, coautor do estudo e especialista do Departamento de Radiologia e do Programa de Cancro do Ovário do CRUK Cambridge Center, considera que este “estudo é um passo adiante para desvendar a heterogeneidade tumoral de forma não invasiva”.

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