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Centro Champalimaud pioneiro na deteção de lesões pré-malignas no pâncreas

cancro do pâncreas

“Acredito que este estudo representa um marco na investigação sobre lesões pré-malignas do cancro do pâncreas.” Quem o afirma é Carlos Bilreiro, médico do Departamento de Radiologia do Centro Clínico Champalimaud, sobre a mais recente inovação designada Diffusion Tensor Imaging

Sabe-se que as lesões que originam o cancro do pâncreas são muito difíceis de caracterizar através de ressonância magnética. Neste sentido, liderado por Carlos Bilreiro e Noam Shemesh, chefe do laboratório de RNM pré-clínica da Fundação Champalimaud, este estudo pretendeu encontrar uma ferramenta capaz de detetar lesões pré-malignas do cancro do pâncreas. 

Esta tecnologia pode abrir um novo caminho para o diagnóstico precoce em pessoas de risco e para a avaliação do tratamento do cancro pancreático, considerado a sexta principal causa de morte em Portugal. O principal fator para este prognóstico é o facto de os seus sintomas não serem específicos e facilmente confundidos com os de outras doenças. Por isso, quando os sintomas se fazem sentir e se realiza o diagnóstico adequado, já pode ser tarde de mais.

Ainda assim, esta técnica estudada, a ressonância magnética por tensor de difusão, já existe há cerca de 30 anos, normalmente, utilizada para o cérebro, mas que pode ser também direcionada para outros órgãos. “Não é um método novo; apenas nunca foi aplicado ao contexto de lesões precursoras de cancro do pâncreas”, refere Noam Shemesh. 

O especialista considera que é mais útil e eficiente testar um método já existente do que desenvolver algo completamente novo. “Todos os scanners de ressonância magnética já tem esse método implementado. A maneira como o usamos é que é nova.”

Este trabalho só foi possível devido à experiência combinada de uma equipa multidisciplinar de investigadores, composta por radiologistas, patologistas e engenheiros de ressonância magnética.  

Os médicos veterinários tiveram também um papel importante neste estudo, testando imagens de amostras de tecido do pâncreas de roedores num dos scanners de ressonância magnética. Após a comparação entre a sua análise e a da ferramenta, os investigadores determinaram que existia uma correspondência muito precisa.

“Usando as potencialidades dos equipamentos de ressonância magnética de última geração no nosso laboratório, conseguimos desenvolver uma técnica de microscopia de ressonância magnética que nos permite comparar diretamente as imagens obtidas com lâminas histológicas”, destaca Carlos Bilreiro.

Quando transposto para o tecido humano, compreendeu-se que a ferramenta foi também eficiente e eficaz para detetar lesões humanas. Noam Shemesh reflete ainda que “este trabalho representa uma prova de conceito e fornece uma base para fazer um teste em humanos, com um método que já está implementado”.

Este foi um passo mais próximo de ser possível detetar lesões pré-malignas do cancro do pâncreas. Ainda assim, são necessários mais estudos para adaptar a técnica ao contexto clínico, com o objetivo de diagnosticar precocemente o cancro do pâncreas através de ressonância magnética, mesmo antes de o cancro se desenvolver.

 

Crédito imagem: iStock

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