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Idosos menos preocupados com a pandemia, que pressiona mais as mulheres

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Avaliar as implicações da pandemia na vida diária das pessoas em todo o mundo é o objetivo de um inquérito, lançado há seis meses. O Life with Corona tem, em Portugal, como parceiro o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) e os primeiros resultados, obtidos a partir de 12 mil respostas provenientes de mais de 130 países, já são conhecidos, mostrando diferenças culturais e geracionais.

De acordo com os dados recolhidos, o stress familiar durante a pandemia tem recaído, de forma desproporcional, nas mulheres. Mostram ainda que as pessoas idosas se preocupam menos com o novo coronavírus e que os americanos querem ter prioridade no acesso a uma vacina.

“O coronavírus mudou a vida e a subsistência de biliões de pessoas em todo o mundo, a uma velocidade e força sem precedentes”, afirma Tilman Brück, especialista do Centro de Segurança e Desenvolvimento Internacional do Instituto Leibniz. “Esta não é apenas uma pandemia médica – é também uma pandemia social”, reforça.

“As nossas vidas estão a mudar rapidamente, fundamentalmente e permanentemente. Estão a surgir novas linhas de conflitos dentro das famílias, entre gerações e entre países. Mesmo se derrotarmos o vírus em breve, o seu legado moldará as nossas sociedades por muito tempo, de formas complexas. Documentamos essas mudanças em tempo real”, acrescenta Wolfgang Stojetz, do especialista do mesmo instituto.

Patrícia Justino, do Instituto Mundial de Pesquisa em Economia do Desenvolvimento da Universidade das Nações Unidas (UNU-WIDER), considera, por sua vez, que esta análise “mostra o quão abrangentes são os impactos sociais, económicos e psicológicos da pandemia, tanto nas economias desenvolvidas como naquelas em desenvolvimento”.

Estudo sobre pandemia ainda a decorrer

A iniciativa do Life with Corona partiu de uma equipa de investigadores internacionais da área das ciências sociais e visa ‘gravar’ as vozes e o humor dos cidadãos todo o mundo durante este período invulgar de pandemia.

Sem fins lucrativos, e baseado em métodos académicos rigorosos, o projeto deverá fornecer dados relevantes para apoiar respostas socioeconómicas sustentáveis ​​à pandemia COVID-19.

De acordo com o estudo, cuja segunda fase foi lançada e pode ser acedida aqui, enquanto os jovens ficam um pouco atrás dos mais velhos na adoção de medidas preventivas (como o uso de luvas descartáveis), os comportamentos de combate ao coronavírus são muito comuns e as diferenças entre idades são pequenas, o que contradiz a imagem que se tem dos jovens.

Revela ainda que o stress sobre as famílias sobrecarrega desproporcionadamente as mulheres que vivem com mais de uma pessoa – as Famílias maiores têm mais tensões percebidas do que as menores.

As mulheres relatam níveis substancialmente mais altos de tensão intrafamiliar do que os homens para qualquer tamanho de família, o que sugere que a pandemia pode criar e perpetuar disparidades de género.

No caso dos idosos, estão menos stressados do que os mais jovens e menos preocupados com as circunstâncias atuais. Apesar de estarem em maior risco (e de se preocupando mais com isso), apresentam menos stress em relação à situação geral.

O que reforça a ideia de que os desequilíbrios geracionais podem ser fortes e que os aspetos culturais, emocionais e socioeconómicos da pandemia podem ser tão importantes como os aspetos de saúde.

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