A prevenção de enfartes e AVC nos doentes com diabetes tipo 2 deve ser uma prioridade urgente, conclui um estudo publicado no European Journal of Preventive Cardiology.
“O resultado mais impressionante do nosso estudo foi que a grande maioria dos doentes (93%) tinha um risco alto ou muito alto de eventos fatais numa década”, refere Manel Mata-Cases, clínico geral do Instituto Catalão de Saúde em Sant Adrià de Besòs e autor do estudo, que salienta que metade destas pessoas “não tinha histórico de doenças cardíacas, o que significa que não receberia medicamentos para prevenir enfartes ou AVC”.
“Até onde sabemos, este estudo, que conta com quase 375.000 pessoas de um banco de dados populacional bem validado, ilustra a situação no Mediterrâneo pela primeira vez. Tradicionalmente, o risco cardiovascular na região tem sido menor do que no centro e norte da Europa ou nos Estados Unidos.”
Mitigar o risco para quem sofre de diabetes tipo 2
O trabalho avaliou pessoas com 18 anos ou mais, com diagnóstico de diabetes tipo 2 e uma idade média de 70,1 anos. A todo, 45,2% eram mulheres, cerca de 72% tinham pressão alta, 45% eram obesos, 60% tinham colesterol alto e 14% eram fumadores.
Os investigadores calcularam a probabilidade de cada participante ter um enfarte ou AVC fatal em 10 anos usando três categorias de risco: muito alto (acima de 10%), alto (entre 5 % e 10%) e moderado (abaixo de 5%).
Para serem classificados como de risco muito alto, os doentes devem sofrer de doença cardiovascular (por exemplo, já ter tido um enfarte ou AVC), ou outras doenças que ameacem a sua saúde, como insuficiência renal, ou pelo menos três fatores de risco cardiovascular (idade avançada, pressão alta, colesterol sérico alto, tabagismo, obesidade).
Mais da metade dos participantes (53,4%) encontravam-se nesta categoria, sendo mais homens (55,6%) do que mulheres (50,7%). Cerca de 39,6% foram classificados como tendo risco alto e apenas 7% risco moderado de morrer de enfarte ou AVC em 10 anos.
Mata-Cases concluiu que “estas descobertas num ambiente de cuidados primários devem estimular a implementação da atenção integrada. Comportamentos saudáveis são a base da prevenção de doenças cardiovasculares e precisam de ser combinados com o controlo da glicose sanguínea, colesterol sérico e pressão arterial. Os médicos de família e enfermeiras devem partilhar os objetivos do tratamento com os doentes, considerando as suas características e preferências”.
Para a diabetes tipo 2, os conselhos para um estilo de vida mais saudável são simples:
• Parar de fumar.
• Reduzir a ingestão de calorias para diminuir o peso corporal excessivo.
• Adotar uma dieta mediterrânica complementada com azeite e/ou nozes.
• Evitar a ingestão de álcool.
• Fazer atividade física moderada a vigorosa ao longo de pelo menos 150 minutos por semana.