O INFARMED e a Direção-Geral da Saúde decidiram recomendar a suspensão do tratamento com hidroxicloroquina em doentes com COVID-19, decisão que vai ao encontro daquela já expressa pela Organização Mundial de Saúde (OMS), na sequência da publicação de dados que questionam a segurança e a eficácia deste medicamento.
Em comunicado, a autoridade nacional de saúde refere ainda que “esta recomendação será revista à luz da revisão do Comité de Monitorização da Segurança da OMS, prevista para o mês de junho”.
A cloroquina e hidroxicloroquina apresentaram resultados promissores em laboratório, uma vez que inibiam o SARS-COV-2 in vitro, parecendo a hidroxicloroquina ter uma atividade antiviral mais potente. Foi este o motivo que levou a que ambos os medicamentos surgissem como opção de tratamento em vários países.
No entanto, na sequência de um estudo feito com mais de 90 mil doentes com COVID-19, publicado pela revista The Lancet, a 22 maio de 2020, a OMS decidiu suspender a inclusão de novos doentes em tratamento com hidroxicloroquina no ensaio clínico global Solidarity, ensaio esse que estava a decorrer em vários países e ainda se encontrava em fase de implementação em Portugal, onde não houve doentes incluídos até à data.
Os autores do estudo referem não ter conseguido confirmar o benefício da hidroxicloroquina ou da cloroquina nestes doentes. No entanto, apontam um acréscimo de efeitos adversos potencialmente graves, entre estes a morte, verificados durante a hospitalização de doentes COVID-19, conclusões que terão de ser confirmadas através de ensaios clínicos aleatorizados e controlados, uma vez que este estudo apresenta várias limitações.
Por isso, a OMS decidiu suspender os ensaios clínicos em curso, até nova avaliação, agendada para junho.
Apesar de o Infarmed e a DGS recomendarem a suspensão do tratamento com este medicamento, deixam o alerta: “estas recomendações só dizem respeito ao uso na COVID-19, sendo que os doentes que estavam a ser tratados com hidroxicloroquina para outras patologias, doenças autoimunes como lúpus eritematoso sistémico, artrite reumatoide e malária, para as quais estas moléculas estão aprovadas, não devem interromper o seu tratamento, que nestas situações se mantem seguro, desde que devidamente acompanhado pelo médico assistente”.