Um estudo desenvolvido por investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) demonstrou que um fármaco utilizado para a insuficiência cardíaca pode reduzir o risco de morte ou re-hospitalização, caso seja administrado durante a primeira hora de admissão ao serviço de urgência.
Os resultados mostraram que a “rápida” administração da furosemida, um diurético comummente prescrito para o alívio sintomático provocado pela insuficiência cardíaca, reduziu o risco de novas hospitalizações por insuficiência cardíaca ou morte por causa cardiovascular a 30 dias.
Entre o grupo de 493 pacientes incluídos nesta análise retrospetiva, cerca de metade (43%) recebeu o diurético na primeira hora desde a entrada no serviço de urgência, motivada por episódios de insuficiência cardíaca aguda.
Segundo os investigadores, o grupo de doentes tratados na primeira hora tiveram maior prioridade de avaliação de acordo com o sistema de triagem de Manchester, potencialmente relacionado com a presença de sinais de insuficiência cardíaca esquerda, como edema pulmonar agudo.
No entanto, os autores do estudo constataram que o grupo de doentes que receberam o diurético mais tarde apresentavam características de maior gravidade e pior prognóstico a curto prazo, “não tendo sido prontamente identificados pelos sistemas de triagem atualmente utilizados nas urgências”.
Para o médico Pedro Marques, uma forma de se evitar este tipo de situações poderá passar pela criação de sistemas idênticos aos que são utilizados para o acidente vascular cerebral agudo ou suspeita de enfarte, conhecidos em Portugal como ‘vias verdes’. “Ao identificarmos prontamente estes casos e administrarmos o diurético o mais cedo possível, podemos, potencialmente, beneficiar os doentes que se apresentem com quadros de insuficiência cardíaca aguda”, esclarece o investigador da FMUP.
Publicado no European Journal of Emergency Medicine, os autores referem ainda que a insuficiência cardíaca é uma das principais causas de internamento não planeado em doentes com mais de 65 anos de idade, associando-se a desfechos adversos nesta população.