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Portugal realiza 900 transplantes de córneas por ano mas não é autossuficiente

olho verde aberto

Portugal realiza cerca de 900 transplantes de córneas anualmente mas precisa de aumentar a sua capacidade de colheita e conservação destes tecidos de forma a conseguir ser autossuficiente. Este foi um dos temas em debate na XXX Reunião Anual da Associação Europeia de Bancos de Olhos (EEBA), que este ano decorreu em Coimbra.

Mas o que é afinal um Banco de Olhos? São estruturas que existem para tratar todas as doenças que levam à cegueira por afetarem a transparência da córnea, como cicatrizes pós traumatismo, doenças que levam à perda de células da córnea como distrofias, o herpes ocular e o queratocone, entre outras.

Maria João Quadrado, oftalmologista, presidente do Congresso e responsável pelo Banco de Olhos do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra explica que “em Portugal existem cinco Bancos de Olhos que funcionam exclusivamente com córneas refrigeradas. O estado de arte nesta matéria está orientado para a utilização de córneas de cultura. Esta cultura só pode efetuada em salas altamente especializadas e com características muito restritas”.

“É necessário aumentar o número de colheitas e a criação de uma sala de cultura de córneas.”

A presidente desta reunião refere que “Portugal recebe córneas para transplantação de países da União Europeia. Creio, no entanto, que Portugal tem a capacidade de ser autossuficiente, de forma a suprir as necessidades de transplantes de córnea a nível nacional, e eventualmente ceder tecidos para o exterior. Para atingirmos este objetivo é necessário aumentar o número de colheitas e a criação de uma sala de cultura de córneas. Assim vamos aumentar o tempo de conservação e a obtenção de lentículos corneanos para transplante lamelar. Este tipo de transplante da córnea é a técnica mais avançada e só assim a poderemos expandir em Portugal”.

São vários os desafios que este tipo de banco de tecidos tem que enfrentar. Maria João Quadrado afirma que “as imposições legais são imensas. Os critérios de qualidade são muito apertados em termos dos recursos humanos, instalações e equipamento. Isto requer instalações especializadas e um grande empenho de todos os profissionais. Um dos maiores desafios prende-se com a sensibilização para a dádiva. Perdemos muitos dadores. A colheita de córneas pode ser efetuada em dadores até às seis horas pós morte. O pool de potenciais dadores é grande pelo que o número de colheita de tecidos ainda pode ser aumentado em Portugal”.

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