São várias as frentes de investigação seguidas pelos especialistas no que diz respeito à luta contra a doença de Alzheimer. Uma destas frentes traduz-se agora numa vacina, que se prepara para avançar para o seu primeiro ensaio clínico em humanos.
O Brigham and Women’s Hospital, no Reino Unido, vai arrancar com um ensaio clínico que irá testar a segurança e eficácia de uma nova vacina, administrada por via nasal, com o objetivo de prevenir e retardar a progressão da doença de Alzheimer.
Um ensaio que representa o culminar de quase 20 anos de investigação liderada por Howard L. Weiner, codiretor do Centro Ann Romney para Doenças Neurológicas do Brigham.
“O lançamento do primeiro teste em humanos de uma vacina nasal para Alzheimer é um marco notável”, refere Weiner. “Nas últimas duas décadas, acumulamos evidências pré-clínicas que sugerem o potencial desta vacina nasal para a doença de Alzheimer. Se os ensaios clínicos em humanos mostrarem que a vacina é segura e eficaz, isso pode representar um tratamento não tóxico para pessoas com Alzheimer, que também pode ser administrado no início para ajudar a prevenir Alzheimer em pessoas de risco.”
A vacina usa um agente intranasal experimental que estimula o sistema imunitário e que tem sido usado com segurança em humanos como um adjuvante para outras vacinas. Desenhado para ativar os glóbulos brancos encontrados nos gânglios linfáticos nas laterais e na parte posterior do pescoço, migra depois para o cérebro, para desencadear a eliminação das placas beta-amilóides, uma das marcas da doença de Alzheimer.
“Ao longo de 20 anos, têm havido evidências crescentes de que o sistema imunitário desempenha um papel fundamental na eliminação da beta-amilóide. Esta vacina aproveita um novo braço do sistema imunitário para tratar a doença de Alzheimer”, afirma Tanuja Chitnis, professora de Neurologia do Brigham e investigadora principal do estudo.
“A investigação nesta área abriu caminho para que possamos encontrar uma forma totalmente nova para o potencial tratamento não só da doença de Alzheimer, mas também de outras doenças neurodegenerativas.”
O ensaio clínico contará com a participação de 16 pessoas com idade entre os 60 e os 85 anos e diagnóstico de doença de Alzheimer precoce e sintomática e, nesta primeira fase, o objetivo principal será determinar a segurança e tolerabilidade da vacina nasal.
“O sistema imunitário desempenha um papel muito importante em todas as doenças neurológicas”, refere Weiner. “E é entusiasmante que, após 20 anos de trabalho pré-clínico, possamos finalmente dar um passo importante em direção à tradução clínica e conduzir este primeiro teste humano marcante.”