
Foi recentemente que Bill Gates, um dos fundadores da Microsoft e dos homens mais ricos do planeta, partilhou com o mundo a notícia de que o pai sofria de Alzheimer. Agora, anuncia um investimento de milhões num projeto que está à procura de ideias para um teste capaz de diagnosticar a doença.
Para o projeto, com o nome de Diagnostics Accelerator, Bill Gates atribui uma verba de 30 milhões de dólares. O objetivo é simples, ainda que bastante complexo: servir de acelerador de ideias “arrojadas” para um diagnóstico mais precoce e melhor da doença.
“Estou otimista de que podemos alterar o curso de Alzheimer se progredirmos em várias áreas importantes. Uma das maiores coisas que poderíamos fazer agora é desenvolver um diagnóstico confiável e acessível”, escreve no seu blog (www.gatesnotes.com). Uma afirmação em jeito de desafio.
Diagnóstico a 100% apenas conseguido com a autópsia
Ao contrário de tantas outras doenças para as quais existe um teste capaz de as identificar, no Alzheimer o processo não é fácil.
Tudo começa, explica o milionário, com um teste cognitivo. “Se não tiver um bom desempenho, o seu médico precisa de descartar outras possíveis causas para a perda de memória, como AVC ou deficiência nutricional”, refere.
Seguem-se outros exames, mais e menos invasivos, mas a única forma, no momento, de confirmar, sem sombra de dúvidas, o diagnóstico continua a ser uma autópsia, após a morte.
Com tudo isto, perde-se também tempo. Um tempo que as investigações sobre a doença garantem ser precioso. De resto, apenas se começa a procurar a doença quando já existem sinais de declínio cognitivo.
“As pesquisas sugerem que o Alzheimer começa a danificar o cérebro mais de uma década antes de os sintomas começarem a aparecer”, confirma Bill Gates, que defende ser necessária uma melhor forma “de diagnosticar a doença, como um simples exame de sangue ou exame ocular, antes de conseguirmos desacelerar a sua progressão”.
Uma “filantropia de risco”
O Diagnostics Accelerator é, explica, “diferente da maioria dos fundos. Os investimentos feitos pelos governos ou organizações não-governamentais são fantásticos para gerar novas ideias e investigação de ponta, mas nem sempre são ótimos para criar produtos utilizáveis, já que, no fim do dia, não há ninguém para lucrar”.
O capital de risco não será também o mais adequado. É aqui que entra esta ideia, “uma filantropia de risco”, que incentiva”uma abordagem ousada e arriscada para a investigação, com o objetivo final de um produto real, para doentes reais”.
E se qualquer um dos projetos apoiados pelo Diagnostics Accelerator for bem-sucedido, fica a promessa de que a parcela de lucro financeiro voltará a ser aplicada no fundo.
Bill Gates deixa, por isso, deixa um apelo: “se acha que é um destes pensadores ousados, queremos ouvir as suas grandes ideias. Encorajo-o a solicitar financiamento no novo site do Diagnostics Accelerator”.
E partilha o sonho: “imagine um mundo onde diagnosticar a doença de Alzheimer é tão simples como fazer um teste de sangue no ckeck-up anual”.