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Estudo questiona eficácia de restrições a viagens nos surtos infecciosos

restrições a viagens para a China

O surto de coronavírus, agora conhecido como COVID-19, que já infetou dezenas de milhares de pessoas na China e matou centenas, tendo chegado rapidamente a pelo menos 24 outros países, levou muitos governos a fazer aquilo que é costume: restrições a viagens de e para a China. Mas ainda que frequentes, serão estas restrições eficazes? Um estudo dá a resposta.

De acordo com o trabalho realizado por investigadores da Universidade de Washington (UW) e da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, a eficácia destas restrições a viagens é desconhecida.

Nicole Errett, professora do Departamento de Ciências Ambientais e da Saúde Ocupacional da Escola de Saúde Pública da UW e principal autora do estudo, confirma que o desconhecimento resulta, em grande parte, devido ao facto de existir muito pouca investigação sobre o tema.

“Algumas das evidências sugerem que uma proibição de viagem pode atrasar a chegada de uma doença infecciosa a um país por dias ou semanas. No entanto, há muito pouca evidência que sugira que uma destas proibições elimine o risco de a doença atravessar fronteiras a longo prazo”, explica.

Poucos estudos sobre as restrições a viagens

Os investigadores reviram milhares de artigos publicados, num esforço para identificar aqueles que abordavam diretamente as proibições de viagens usadas para reduzir o impacto geográfico do vírus ébola, SARS (Síndrome Respiratório Aguda Grave), MERS (Síndrome Respiratório no Oriente Médio) e o vírus Zika, excluindo estudos sobre o vírus influenza, para os quais a proibição de viagens já demonstrou ser ineficaz a longo prazo.

No final, foram capazes de identificar apenas seis estudos que se encaixavam nos seus critérios, que tiveram por base modelos ou simulações e não dados de proibições reais, para avaliar a eficácia das proibições de viagens no controlo de surtos.

“A proibição de viagens é uma das várias opções legais que os governos adotam para mitigar uma pandemia”, refere a coautora do estudo, Lainie Rutkow, professora de política e gestão de saúde da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins.

“À medida que o coronavírus se continua a espalhar, o nosso estudo destaca a importância de entender a eficácia das respostas legais e políticas destinadas a proteger e promover a saúde pública”, acrescenta, reforçando a urgência de investigação adicional para avaliar estas decisões políticas, sobretudo tendo em conta os enormes impactos sociais, económicos e políticos da sua implementação.

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