Scroll Top

Stress na gravidez aumenta o risco de autismo, obesidade e cólicas nos bebés

stress na gravidez

Um estudo realizado por investigadores da Universidade de Granada (UGR), em Espanha, descobriu que níveis altos de stress durante a gravidez aumentam o risco de ter filhos com autismo, obesidade e cólicas infantis.

O estudo, publicado na revista Midwifery, foi baseado numa amostra de 65 milhões de mulheres grávidas e dos seus recém-nascidos de diferentes países da Europa, América do Norte, Ásia e Oceania.

Para a realização deste estudo, Rafael A. Caparros-Gonzalez, investigador do departamento de Enfermagem da UGR, e os restantes autores, realizaram uma revisão sistemática e uma metanálise com mais de 73.000 estudos. 

E concluíram que “o stress é uma das maiores toxinas que pode afetar a saúde e a doença nas pessoas. Especificamente durante a gravidez, tem sido associado a várias consequências negativas, tanto para a gestante como para o feto”, refere Caparros.

Nesse sentido, níveis altos de stress durante a gravidez estão associados a um maior risco para a grávida de diabetes gestacional, pré-eclâmpsia ou mesmo distúrbios psicopatológicos, como depressão pós-parto. No feto em desenvolvimento, estão associados à prematuridade e ao baixo peso ao nascer.

No entanto, os efeitos do stress durante a gravidez podem ter reflexos na vida toda do bebé. “Neste estudo, o que descobrimos é que as consequências negativas do stress durante a gravidez, além dos seus efeitos na gestante e no feto no período de gestação, podem ir além e aumentar o risco de uma criança desenvolver autismo, obesidade ou ter cólicas infantis”.

Como? O investigador da UGR explica que é possível que o stress psicológico da mãe durante a gravidez atravesse a placenta e atinja o feto que está a desenvolver-se e a crescer no útero materno.

“Este mecanismo é possível através de diferentes vias e todas começam com altos níveis de stress na gravidez. O stress psicológico materno é capaz de alterar os níveis de diferentes componentes, como a hormona do stress – cortisol – ou neurotransmissores, como a dopamina, serotonina e norepinefrina, envolvidos no desenvolvimento e funcionamento do cérebro”.

Além disso, pode influenciar as bactérias que normalmente vivem no intestino materno (microbiota) e que intervêm na via intestinal-cerebral da mãe e do bebé, associadas a processos metabólicos como a obesidade, distúrbios inflamatórios intestinais (possivelmente associados a cólicas) e a maturidade do cérebro e o aparecimento de distúrbios psicopatológicos nos mais pequenos.

“Existem vários mecanismos pelos quais o stress de uma mulher grávida pode afetar a saúde e a doença dos seus recém-nascidos ao longo da vida. Neste estudo, encontramos relação com vários estados de saúde, embora a lista possa ser mais longa”, conclui.

Posts relacionados