
Duas investigadoras da Universidade de Coimbra (UC) – do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC-UC) e do Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento (MIA-Portugal) – acabam de conquistar perto de um milhão de euros de financiamento da Fundação ”la Caixa” para o desenvolvimento de dois projetos de investigação que pretendem vir a ter impacto nos domínios das infeções gastrointestinais e das neurociências.
Os dois projetos foram escolhidos entre as 546 propostas apresentadas ao concurso CaixaResearch de Investigação em Saúde 2022, um programa de financiamento que visa apoiar iniciativas de excelência científica com elevado potencial e impacto social, tanto em investigação de base e clínica, como translacional e de inovação.
Um dos projetos aprovados é coordenado por Manuela Ferreira, investigadora do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra. Intitula-se “Qual a influência da dieta no sistema imunitário durante os primeiros anos de vida?” e vai receber cerca de 410 mil euros para estudar os linfócitos T, um tipo de células imunitárias que se encontram no epitélio intestinal (o revestimento do intestino) e que são conhecidas por atuarem como primeira linha de defesa imunitária.
Mais concretamente, a investigação vai centrar-se no papel de retinoides (moléculas presentes na dieta e quimicamente relacionadas com a vitamina A) nos linfócitos T e determinar a sua função no intestino durante os primeiros anos de vida.
Atualmente, as doenças infeciosas ainda são uma das principais causas de morte entre as crianças com menos de cinco anos, e sabe-se que a desnutrição constitui um fator de risco que agrava o prognóstico.
“Existe grande urgência em compreender melhor o funcionamento do intestino e a relação que se estabelece entre o sistema imunitário e os alimentos ingeridos”, refere a investigadora. Neste âmbito, o projeto pretende vir a “facilitar o desenvolvimento de novas estratégias preventivas, possíveis alvos terapêuticos e ainda tratamentos eficazes contra as infeções gastrointestinais”, salienta.
Projetos traduzem qualidade da investigação nacional
O segundo dos projetos da UC que vai ser financiado é coordenado por Ira Milosevic, investigadora do Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento da Universidade de Coimbra. Chama-se “Rumo a uma melhor compreensão da disfunção da sinapse” e, com o financiamento de cerca de 495 mil euros, vai estudar como é que os neurónios deixam de comunicar corretamente uns com os outros e como isso pode estar na base da neurodegeneração que ocorre no envelhecimento e em doenças neurodegenerativas.
Um projeto que visa “contribuir para se conhecer melhor os processos que ocorrem na sinapse, que são relevantes no envelhecimento do cérebro e com impacto nas doenças neurodegenerativas, que pode vir a resultar no desenvolvimento de abordagens terapêuticas inovadoras”, salienta a investigadora.
“Estes dois projetos constituem mais uma demonstração da elevada qualidade e relevância da investigação fundamental na área das neurociências, envelhecimento e ciências biomédicas desenvolvida na Universidade de Coimbra, e vem ainda reforçar a área estratégica da saúde”, destaca a Vice-Reitora da Universidade de Coimbra para a Investigação, Cláudia Cavadas.