Cuidado com os ataques à dispensa. Um novo estudo publicado na revista científica Appetite confirma que os pequenos luxos em forma de doces, chocolate ou guloseimas salgadas, ajudaram a levantar o nosso ânimo durante o confinamento, mas também a ingestão de calorias.
Investigadores em Inglaterra e na Austrália reuniram evidências sobre experiências semelhantes no Reino Unido e em Victoria, Austrália, para alertar sobre o efeito dos confinamentos impostos pela pandemia nos nossos comportamentos alimentares.
Embora o tempo em casa aumente a disponibilidade para a preparação de refeições saudáveis, a ingestão de alimentos de alta densidade energética aumentou para alguns, colocando adultos em risco, alertam os investigadores.
“Os novos stresses criados pela pandemia parecem estar associados a aumentos relatados na ingestão geral de salgados e doces”, afirma o investigador-chefe, Nicola Buckland, que avaliou as respostas ao inquérito sobre dieta respondido por 588 pessoas durante o primeiro confinamento no Reino Unido (maio-junho de 2020).
Os participantes indicaram se a ingestão de alimentos saborosos e calóricos (por exemplo, chocolate, bolos, gelados, pizza) mudou durante o confinamento. Estes são alimentos aos quais as pessoas geralmente relatam ser difícil resistir e difícil controlar a ingestão. Os participantes também responderam a questionários que mediram os estilos de alimentação individuais.
“Os resultados mostraram que, em termos de mudanças na dieta, nem todos responderam da mesma forma ao confinamento. Mais de metade dos entrevistados (53%) relataram aumento na ingestão de lanches, 26% deram conta de uma diminuição na ingestão de lanches e 20% não relataram alterações na quantidade de lanches que comeram durante o confinamento.”
Eva Kemps, professora de psicologia da Flinders University, refere que os 124 entrevistados na sondagem australiana também relataram mudanças na ingestão de alimentos e nos estilos de alimentação durante o confinamento, bem como nos níveis de stress percebidos.
À semelhança do que se passou no Reino Unido, do total de entrevistados australianos, 49% relataram aumento na ingestão de lanches durante o confinamento e os demais redução na ingestão de lanches (25%) ou nenhuma mudança (26%).
“O aumento da ingestão de lanches foi associado a níveis mais elevados de stress percebido, indicando que aqueles que tiveram níveis mais elevados de stress relataram maior aumento do consumo de lanches doces e salgados”, refere Kemps.
Ambas as descobertas mostram que, para algumas pessoas, sobretudo aquelas que têm dificuldade em controlar os desejos por comida, os confinamentos foram um período de risco para o aumento da ingestão de alimentos.