Cada marco de desenvolvimento das crianças traz consigo uma nova camada de curiosidade: as crianças gostam de encontrar a causa e o efeito sem conhecer os riscos e, como resultado, podem ter problemas e sofrer lesões. E quando isso acontece, é difícil vê-las sentir dor ou desconforto. Mas quando essa criança é um bebé ou muito pequena, é muitas vezes difícil determinar o que aconteceu e onde está a dor, pelo que é importante que os pais e os cuidadores estejam cientes dos sinais físicos que acompanham as lesões pediátricas comuns.
A médica do Hospital Infantil de Los Angeles, Bianca Edison, explica o que os pais devem procurar para determinar se a lesão do seu filho necessita de cuidados médicos urgentes.
Lesões na cabeça
As lesões na cabeça são comuns em crianças pequenas. Edison diz que é importante estar ciente dos sintomas de alerta que podem ocorrer após um traumatismo craniano. “Incluem irritabilidade severa acima e para além do que a criança normalmente apresenta, múltiplos episódios de vómitos, fala arrastada, diferentes tamanhos de pupilas e uma mudança repentina na forma como a criança anda”, afirma. “Estes sintomas são motivo de preocupação significativa e necessitam de cuidados médicos imediatos.”
Edison diz que as estatísticas podem ajudar os pais a decidir se o seu filho precisa de cuidados médicos: se a criança tiver menos de 2 anos e sofrer uma queda de mais de um metro, ou tiver mais de 2 anos e tiver sofrido uma queda de mais de um metro e meio, pode ser necessária uma ida às urgências.
Além disso, sentir uma mossa ou uma depressão ao longo da cabeça do seu filho após uma queda, indicando possivelmente uma fratura no crânio, é também motivo para uma visita às urgências. Se observar hematomas à volta, atrás ou debaixo dos olhos, ou líquido claro ou com sangue a escorrer do nariz ou das orelhas, leve o seu filho a uma avaliação urgente.
Outras situações que exigiriam uma visita imediata ao serviço de urgência, incluem perda de consciência, agitação, sonolência extrema ou resposta significativamente lenta, dor de cabeça intensa e agrava, vários episódios de vómitos ou qualquer atividade do tipo convulsão.
“Estes sintomas, ou situações, indicam ou podem produzir um aumento da pressão no cérebro, inchaço do cérebro ou hemorragia real no cérebro”, refere a especialista.
Lesões oculares
Para uma lesão ocular, Edison diz para se deve procurar hemorragia nasal associada a um olho negro ou hemorragia na parte branca do olho. Vá às urgências se o seu filho tiver dois olhos roxos resultantes de um traumatismo craniano, se o sangue for visto no globo ocular, se sentir uma fratura ou depressão na órbita (ossos à volta do olho) ou o seu filho apresenta alterações de visão súbitas e persistentes, como visão dupla ou turva ou dificuldade em mexer os olhos.
“Peça à criança para seguir o seu dedo”, diz Edison. “Se um olho o seguir e o outro permanecer direito, ou se houver dor com o movimento de um dos olhos, pode haver um trauma mais significativo no olho lesionado ou pode haver uma infeção a crescer dentro dele”.
Lesões na boca/dentes
Quando as crianças ainda estão a aprender a andar ou a correr e a coordenar este movimento com o crescimento do corpo, muitas vezes caem e magoam a boca e os dentes.
Se um dente de leite cair, não é uma emergência, mas um dentista deve examinar a criança no prazo de 24 horas. Mas uma lesão nos dentes permanentes é uma emergência dentária, explica a médica.
Se sair um dente definitivo, deve-se enxaguar suavemente com soro fisiológico (água salgada), segurar sempre o dente apenas pela coroa, nunca pelas raízes, pois pode danificar os nervos. Depois de enxaguado o dente, reimplante-o da melhor forma possível, garantindo a orientação correta.
“Deve fazê-lo cinco a 20 minutos após a queda do dente, para que as raízes do dente não morram.” Um adulto deve sempre segurar o dente no lugar com um guardanapo húmido ou toalhetes de papel. Edison acrescenta que uma criança não deve ser responsável por esta tarefa, pois pode não segurar o dente imóvel ou o dente pode deslocar-se e a criança pode engasgar-se com ele.
Se for difícil reimplantar o dente, coloque-o em soro fisiológico e procure tratamento de emergência.
Fraturas
A lesão mais comum entre crianças pequenas e bebés são as fraturas causadas por quedas de camas, muda-fraldas, sofás, mesas de centro, estruturas lúdicas, etc. “Basta o ângulo correto e a força certa no osso para que ocorra uma fratura”, refere a médica.
Locais comuns para fraturas em bebés e crianças pequenas são o cotovelo, punho, clavícula, perna e dedo.
Como saber se o seu filho tem uma fratura? Alguns indicadores incluem inchaço imediato no local da lesão, deformidade e relutância em utilizar a parte do corpo lesionada (manter um braço junto ao corpo ou não colocar peso na perna).
Edison refere cinco outros sinais que devem levar a uma visita imediata às urgências: dor (desconforto extremo e sensibilidade), palidez (aspeto pálido e pouco saudável na pele sobrejacente), pulso (fraco ou não detetável), dormência ou formigueiro, paralisia (incapacidade de mover a parte lesada do corpo).
Em caso de suspeita de fratura, leve sempre o seu filho a um local que possua um centro de radiologia e alguém que possa ler as radiografias assim que são tiradas.
É importante que os pais compreendam que embora a prevenção seja o ideal, a preparação é essencial. “As crianças são ativas e curiosas e ocorrerão lesões, independentemente de quantas precauções de segurança sejam tomadas”, refere Edison. “É por isso que é importante saber o que fazer quando algo acontece.”