Manuel Pinto, médico do Serviço de Neurocirurgia da ULS São João, foi distinguido com o 2024 Research Fund da European Association of Neurosurgical Societies (EANS), por um projeto que pode ajudar a melhorar a eficácia da estimulação cerebral profunda no controlo da Doença de Parkinson e a qualidade de vida dos doentes.
“O projeto consiste concretamente em estudar as ondas de atividade cerebral de doentes com Parkinson, submetidos a cirurgia de estimulação cerebral profunda (DBS)”, explica Manuel Pinto.
“Para tal, utilizamos uma tecnologia recente de elétrodos implantados em regiões cerebrais profundas que, para além de estimularem o cérebro, têm a capacidade de captar e registar as ondas de atividade cerebral dos pacientes, de forma contínua, de segundo em segundo, desde o dia em que são implantados e durante a sua vida quotidiana.”, acrescenta.
O projeto resulta de uma colaboração interdisciplinar entre os serviços de Neurocirurgia e Neurologia da ULS São João e o grupo de Neuroengenharia e Neurociência Computacional do i3S.
Segundo Manuel Pinto, “esta investigação representa uma oportunidade única de identificar as adaptações na atividade cerebral ocorridas nas primeiras semanas após a cirurgia, durante um período de bom controlo da doença. Esta informação poderá futuramente guiar novas estratégias de estimulação que permitam melhorar a eficácia da DBS no controlo da Doença de Parkinson e a qualidade de vida dos doentes”.
Paulo Pereira, diretor do Serviço de Neurocirurgia, reforça que “este prémio é mais uma prova do reconhecimento internacional da investigação de excelência desenvolvida na ULS São João, refletindo a liderança nas áreas de doenças do movimento e neurocirurgia funcional”.
Trata-se de uma bolsa de investigação atribuída anualmente pela Sociedade Europeia de Neurocirurgia, no valor de 10.000€, destinada a financiar projetos de investigação inovadores. A atribuição desta bolsa acontece desde 2017 e já financiou 58 projetos, sendo a primeira vez que é atribuída a um projeto português.