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Descoberta associação entre bactérias intestinais e doença de Parkinson

Doença de Parkinson

A doença de Parkinson pode começar no intestino e alastrar até ao cérebro, sugere um novo estudo da Universidade de Surrey, no Reino Unido. O estudo descobriu que quase 30% das bactérias intestinais nas pessoas com Parkinson diferem das que não têm a doença, indicando uma ligação entre as duas.

No maior estudo do seu género, investigadores da Universidade de Surrey e da Universidade do Alabama, em Birmingham, investigaram o papel das bactérias intestinais no desenvolvimento da doença de Parkinson, uma doença em que partes do cérebro se danificam progressivamente ao longo de muitos anos.

Ayse Demirkan, coautora do estudo, refere que “as deficiências e mortes devidas à doença de Parkinson estão a aumentar mais rapidamente do que em qualquer outra doença neurológica em todo o mundo, com os casos diagnosticados a mais do que duplicar nos últimos 25 anos. Isto é muito preocupante, uma vez que não existe cura conhecida. No entanto, quanto mais aprendemos sobre as causas da doença, mais informados podemos estar para o desenvolvimento de novos tratamentos e, eventualmente, de uma cura”.

“A investigação anterior neste campo indicou uma possível associação entre as bactérias intestinais e a doença; no entanto, estes estudos têm sido pequenos e utilizado metodologias datadas.”

Para mudar a situação, os especialistas recrutaram 490 pessoas com a doença de Parkinson e 234 pessoas neurologicamente saudáveis. Cada uma forneceu uma amostra de fezes, que mostrou que as bactérias, genes e vias biológicas diferem em mais de 30% nas pessoas com Parkinson, em comparação com as que não têm a doença.

Por exemplo, verificou-se que a espécie bacteriana Bifidobacterium dentium, conhecida por causar infeções anaeróbias, tais como abcessos cerebrais, era sete vezes mais altas nas pessoas com Parkinson e que a Roseburia intestinalis, conhecida por ser habitante de cólones saudáveis (a obstipação é um sintoma reconhecido da doença de Parkinson) era 7,5 vezes mais baixa.

Curiosamente, os investigadores também identificaram um aglomerado de bactérias (Escherichia coli, Klebsiella pneumonia e Klebsiella quasipneumoniae) conhecidas por causar infeções, elevadas naqueles que sofrem de Parkinson.

“A composição das bactérias intestinais das pessoas com Parkinson consiste numa superabundância de agentes patogénicos e bactérias, que podem desencadear respostas imunitárias entre múltiplos outros mecanismos que envolvem várias vias metabólicas bacterianas, mostrando-nos uma fachada complexa da doença no intestino”, refere a especialista.

“No entanto, a nossa investigação atual não está concebida para responder se a própria bactéria é a causa inicial da doença; algumas podem também ser uma consequência da doença, ou podem mesmo ser influenciadas pela composição genética do indivíduo.”

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