Estima-se que, em todo o mundo, mais de cinco milhões de pessoas sejam afetadas pela doença inflamatória do intestino, que inclui colite ulcerosa e doença de Crohn. Em Portugal, cerca de 20 mil pessoas vivem com estes problemas, associados a sintomas como diarreia, dor abdominal e um grande desconforto. Agora, um novo estudo confirma que são muitos os que vivem com a doença durante vários anos antes de serem diagnosticados.
Publicado no Journal of Crohn’s and Colitis, investigadores do St George’s, University of London, Imperial College London, University College London e King’s College London, estudaram os registos de 19.000 pessoas que viviam, em Inglaterra, com colite ulcerosa e doença de Crohn entre 1998-2016.
Os resultados revelaram que alguns doentes apresentaram sintomas gastrointestinais até 10 anos antes de serem diagnosticados, com 10% a consultarem o médico por causa dos sintomas cinco anos antes do diagnóstico.
Uma situação que, de acordo com os especialistas, pode ser justificada com o facto de muitos dos sintomas serem confundidos com outros problemas, como a síndrome do intestino irritável e hemorroidas.
Atrasos no diagnóstico
Ainda de acordo com o estudo, menos de metade das pessoas com sintomas intestinais que se prolongaram por mais de seis semanas foi vista por um especialista em 18 meses.
Além disso, as pessoas com sintomas intestinais persistentes que tinham sido previamente diagnosticados com síndrome do intestino irritável ou depressão esperaram 25% mais tempo para serem vistas por um especialista.
Jonathan Blackwell, principal autor do estudo, considera que existem “muitas pessoas que vivem com a doença de Crohn ou colite ulcerosa durante anos antes de serem diagnosticadas. Se se sentir dor abdominal, tiver diarreia ou sangramento retal que não melhora, consulte o seu médico e discuta os exames a fazer, porque pode haver uma causa tratável”.