Numa altura em que se contam já pelo menos 80 mortos na sequência do novo vírus vindo da China, que contaminou mais de 2.700 pessoas, havendo ainda 6.000 casos suspeitos, as pessoas procuram formas de se proteger. E uma delas é através de máscaras. Mas será que estas funcionam?
Um pouco por toda a Ásia há relatos de uma verdadeira corrida às máscaras, que têm voado das prateleiras. Em Wuhan, epicentro da contaminação, as autoridades incentivaram mesmo as pessoas a usarem máscaras em público.
Mas são estas máscaras efetivamente eficazes na prevenção? “Usar uma máscara cirúrgica para prevenir infeções é popular em muitos países, sobretudo na China, onde as memórias da Síndrome Respiratória Aguda (SARS) ajudaram a alimentar a ansiedade sobre o novo coronavírus”, afirma Stephen Morse, professor de epidemiologia na Mailman School of Public Health da Universidade de Columbia.
“Mas não há muita investigação científica de grande qualidade para avaliar a eficácia das máscaras e os resultados são variados. Alguns estudos sugerem que eles fornecer algum benefício, mas o que existe não é conclusivo.”
Como usar as máscaras
As máscaras cirúrgicas existem há mais de cem anos, tendo sido criadas para proteger médicos e enfermeiros em hospitais contra a propagação de germes durante as operações ou a infeção por pessoas doentes.
Estudos controlados sobre o valor das máscaras são difíceis de realizar, e as diretrizes das agências de saúde são confusas e muitas vezes contraditórias. Um estudo da Universidade de Michigan, por exemplo, verificou que usar máscaras e usar desinfetantes para as mãos à base de álcool pode impedir a propagação do vírus influenza em até 50%.
Por isso, Stephen Morse não vê mal em que as pessoas as usem. No entanto, para quem o faz, é importante ter em conta que a máscara deve ser usada de forma consistente, pelo menos enquanto houver risco de infeção.
Muitas pessoas acham-nas desconfortáveis e optam por as tirar, de vez em quando, o que as torna ineficazes. Deve ainda lavar-se as mãos depois de tirar a máscara.
A colocação tem de ser feita de forma correta: a máscara deve cobrir a boca e o nariz, até porque as máscaras faciais não oferecem proteção contra germes e outros contaminantes se existir uma folga entre a superfície da máscara e o rosto.
Mas atenção, é importante que não deixe que o uso de máscaras dê uma falsa sensação de segurança. “Usar uma máscara não significa que deve evitar práticas de higiene testadas e verdadeiras”, refere o especialista.
Lavar as mãos com frequência, manter-se afastado de pessoas que tossem ou espirram, tapar a boca quando se tosse ou espirra (e lave as mãos depois), não tocar no nariz, boca ou olhos após tocar num objeto que possa estar contaminado e ficar em casa na presença de sintomas como tosse, dor de cabeça, febre, dor de garganta ou sensação geral de mal-estar, são os melhores conselhos.