Qual é a dieta mais saudável, aquela que é rica em hidratos de carbono, gordura ou proteínas? A resposta é: qualquer uma. Contrariando as alegações de superioridade de várias dietas, um novo estudo descobriu que todas podem promover uma boa saúde, desde que equilibradas e variadas.
A afirmação é feita por especialistas do Centro Médico Beth Israel Deaconess, da Universidade de Harvard, que verificaram que qualquer uma destas dietas poderia levar a uma redução em dois dos marcadores químicos associados ao dano cardíaco.
As melhorias, que ocorreram em apenas seis semanas, mostram que uma dieta fundamentalmente saudável pode começar a fazer a diferença na saúde do coração quase de imediato.
“Tenho amigos que falam constantemente sobre a nova dieta da moda”, refere Stephen Juraschek, líder do estudo e professor assistente de medicina na Harvard Medical School. “Antes era de Atkins, agora é a paleolítica e a cetogénica. Existem pessoas que odeiam hidratos de carbono, pessoas que odeiam gordura. O problema com todas estas dietas da moda é que elas enfatizam demais um determinado perfil de macronutrientes e reduzem a importância do equilíbrio e da alimentação saudável em geral.”
O que inclui a melhor dieta
O novo trabalho foi feito com base num estudo anterior sobre dieta e a saúde do coração, o OmniHeart, que publicou os seus resultados em 2005 e investigou variações de uma dieta projetada para baixar a pressão arterial em participantes de meia-idade com pré-hipertensão ou hipertensão no estágio um.
O objetivo era verificar se níveis mais altos de hidratos de carbono, proteínas ou gorduras insaturadas poderiam melhorar o desempenho da dieta base.
Para isso, foram avaliados dois fatores de risco para as doenças cardíacas, a pressão arterial e o colesterol, e descoberto que cada uma das dietas (a rica em proteína, em gorduras e hidratos) melhorava esses fatores, embora as dietas com maior teor de gordura e com proteína tivessem um desempenho ligeiramente superior ao da dieta com hidratos de carbono.
Cada uma das três dietas experimentais foi projetada para ser saudável. Incluía entre nove e 11 porções de frutas e vegetais diariamente, grãos integrais, feijões, nozes, laticínios com pouca gordura, gorduras insaturadas, sal moderado e muita fibra.
Apresentavam também proteínas magras de carne, peixe e aves, além de alguns doces.
O novo estudo, realizado com investigadores da Universidade de Massachusetts, do National Institutes of Health, da Universidade Johns Hopkins e da Universidade de Maryland levou esta análise um passo mais à frente.
Publicado recentemente no International Journal of Cardiology, o estudo examinou os níveis de troponina, um composto criado pela quebra de proteínas no músculo cardíaco, e a proteína C reativa, um marcador de inflamação cardíaca. E ambos diminuíram a cada seis semanas com cada uma destas dietas.
“Estamos agora a verificar se as dietas influenciam diretamente o dano cardíaco. E as dietas não só reduzem a pressão sanguínea, como também os danos diretos no coração e reduzem a inflamação”, refere o especialista.