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Três em cada dez adolescentes com sintomas depressivos e 10% em risco de suicídio

sintomas depressivos

Os resultados do programa de prevenção do suicídio ‘Mais Contigo’ no ano letivo de 2019-2020, um programa iniciado em Coimbra e, agora, implantado por todo o País, confirmam presença de sintomas depressivos e apelam a “uma maior necessidade de profissionais de saúde mental nas escolas”, defende professor da ESEnfC e coordenador do projeto, José Carlos Santos. 

Foram 8094 adolescentes, a frequentarem 127 escolas e colégios de norte a sul do País, que participaram, no ano letivo 2019-2020, no programa de prevenção de comportamentos suicidários em meio escolar ‘Mais Contigo’. Destes, “30,9% apresentaram sintomatologia depressiva (18,9% moderada ou grave) e 10% estão em risco elevado de ter comportamentos suicidários”.

Os dados foram revelados no IX Encontro Mais Contigo (em formato de webinar) pelas entidades gestoras de um programa que está no terreno desde 2009, primeiro a nível regional e nos últimos anos já com dezenas de parceiros pelo País: Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) e Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro.

Segundo José Carlos Santos, professor da ESEnfC e coordenador do projeto, além dos estabelecimentos escolares, no último ano letivo colaboraram 17 agrupamentos de centros de saúde e duas unidades locais de saúde das administrações regionais de saúde do Centro, de Lisboa e Vale do Tejo, do Alentejo, do Algarve e do Norte e “algumas dezenas de jovens em risco”: 20 foram encaminhados para cuidados especializados e 70 foram referenciados para os cuidados de saúde ou para os gabinetes de apoio ao aluno locais.

Cerca de 1500 docentes, assistentes operacionais e encarregados de educação foram também, durante este período, sensibilizados para as questões da saúde mental.

Pandemia trouxe consigo mais sintomas depressivos

“A pandemia que vivemos traz menor bem-estar e, nalguns casos, sofrimento psicológico, sendo que uma minoria de pessoas adoecerá do ponto de vista mental”, refere José Carlos Santos.

“Embora não se saiba ainda a dimensão, sabemos que algumas repercussões ficarão do confinamento, do medo de ser contaminado ou contaminar, das novas aprendizagens da vida em sociedade, em que os jovens não deixarão de ser afetados. Por isso, programas como o ‘Mais Contigo’ tornam-se ainda mais necessários”, acrescenta.

Para o coordenador do ‘Mais Contigo’, “o trabalho desenvolvido” pelo programa de prevenção de comportamentos suicidários em meio escolar “apela a uma maior necessidade de presença de profissionais de saúde mental nas escolas, sejam psicólogos ou enfermeiros de saúde mental, mas também de maior interligação entre a escola e as instituições de saúde”.

“O estigma, os processos de negação, de vergonha, de medo, de incompreensão e de falsos conceitos estão ainda presentes e dificultam intervenções atempadas no início do período crítico pós-comportamento”, refere.

O Mais Contigo trabalha aspetos como o estigma em saúde mental, o autoconceito e a capacidade de resolução de problemas, devidamente enquadrados na fase da adolescência. A população-alvo deste programa é constituída por alunos do 3.º ciclo do ensino básico e secundário.

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