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Em oito anos, gastaram-se 89,1 milhões de euros com hospitalizações por esquizofrenia nos hospitais públicos

esquizofrenia

Um trabalho realizado por investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde e do Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, caracteriza as hospitalizações por esquizofrenia, nos hospitais públicos nacionais, e confirma que, em oito anos (entre 2008 e 2015), registaram-se 25.385 hospitalizações por esquizofrenia ou outras perturbações psicóticas, com um número elevado de reinternamentos.

Publicado na edição online da revista científica internacional Psychiatric Quartely, o estudo revela que a maioria dos doentes hospitalizados é do sexo masculino (68%), tem entre 31 e 50 anos, sendo, no caso dos homens, o grupo etário entre os 18 e os 30 anos o segundo mais atingido (nas mulheres é o grupo dos 51 aos 70 anos).

O estudo quantifica ainda os custos envolvidos. Entre 2008 e 2015, os custos totais destas hospitalizações ascenderam aos 89,1 milhões de euros, com cada hospitalização a custar, em média, cerca de 3.500 euros.

Comparando com outros países europeus, Portugal está a meio da tabela, acima da Ucrânia, que gastou apenas 533 euros com cada episódio, mas bastante abaixo da Alemanha, que gastou cerca de 12 mil euros por hospitalização.

Nos oito anos avaliados, assistiu-se a uma diminuição progressiva do número de hospitalizações por esquizofrenia, cada uma das quais com uma duração mediana de 18 dias. Uma redução que, refere ao site de notícias da Universidade do Porto  Manuel Gonçalves-Pinho, investigador CINTESIS/FMUP, médico e primeiro autor do estudo, “dever-se-á à política progressiva de desinstitucionalização das pessoas com doenças psiquiátricas que tem sido adotada em Portugal nas últimas décadas”.

A isto juntam-se os novos tratamentos com medicamentos, “mais eficazes e que permitem uma melhor gestão da sintomatologia apresentada pelos doentes fora do internamento”.

Para os autores deste estudo, a referida redução não tem de ser uma coisa negativa, desde que haja a garantia da “qualidade dos cuidados de saúde prestados ao nível da comunidade, imediatamente após a alta”.

É, por isso, alertam, necessário “reforçar o investimento nos cuidados de saúde mental, que abarca níveis diversos, desde os cuidados de proximidade, aos hospitais e às unidades de internamento de longa duração, claramente subdimensionadas para as necessidades do nosso país”.

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