
Afeta 10 a 15% das mulheres e pode provocar alterações do ciclo menstrual, quistos nos ovários e dificuldade em engravidar, entre outras manifestações e consequências. No Mês de Consciencialização para a síndrome dos ovários poliquísticos, Catarina Godinho, médica ginecologista/obstetra e especialista em medicina da reprodução, alerta para a importância do diagnóstico precoce e para os riscos metabólicos e cardiovasculares associados a esta condição.
De acordo com a especialista da IVI, a síndrome dos ovários poliquísticos pode ser definida como “um conjunto de sinais e sintomas causados por desequilíbrio hormonal dos ovários, que pode ser ligeiro ou grave, causando, por exemplo, irregularidade dos ciclos menstruais, crescimento de pelos em zonas mais comuns nos homens, aparecimento de acne entre outras alterações hormonais”.
O diagnóstico depende de critérios médicos específicos que incluem sintomas, ecografia e análises. Geralmente ocorre em mulheres em idade fértil e é mais frequente em pessoas obesas (com IMC superior a 30) ou com antecedentes familiares, refere a especialista.
“O diagnóstico é feito através da avaliação clínica de antecedentes pessoais relevantes como diabetes, colesterol alto, hipertensão arterial, aumento de peso e obesidade; assim como pela avaliação dos níveis hormonais de androgénios (hormonas masculinas) e resistência à insulina.” Adicionalmente é feita uma ecografia ginecológica transvaginal para avaliar a dimensão e as características dos ovários.
Há tratamento para o síndrome dos ovários poliquísticos
Embora sem cura, a síndrome dos ovários poliquísticos pode ser tratada e controlada. “Quando uma mulher com este problema quer engravidar deve falar previamente com o seu médico ginecologista. No caso de ter excesso de peso, o primeiro passo é perder peso. Se não se pretender engravidar é recomendado o uso da pílula anticoncetiva para que os ciclos menstruais sejam mais regulares”, esclarece a médica.
Porém, alerta que, “se existir resistência à insulina associada a esta síndrome é importante controlar o nível de açúcar no sangue com uma dieta específica e ou com alguma medicação”, uma vez que este desequilíbrio pode vir a originar diabetes.
No caso de a mulher querer engravidar, “além do controlo do peso, pode ser necessário induzir a ovulação, recorrendo a alguns medicamentos que estimulem o crescimento do folículo até à ovulação” e que requerem controlo ecográfico.
“Se após algumas tentativas de indução de ovulação se não acontecer a desejada gravidez, ou se não se consiga uma resposta ovárica adequada, pode haver necessidade de recorrer à fertilização in vitro onde é possível aumentar a probabilidade de gravidez e avaliar a qualidade dos óvulos e embriões”, explica Catarina Godinho.
Embora as mulheres com a síndrome dos ovários poliquísticos, quando engravidam, tenham um risco aumentado de hipertensão arterial e de diabetes, “se seguirem as recomendações médicas a probabilidade de gravidez é elevada”, garante a médica ginecologista.