
Uma em cada quatro crianças e jovens usa os seus smartphones de forma consistente com um vício comportamental, revela um estudo realizado por investigadores do King’s College London, publicado na revista BMC Psychiatry.
Uma em cada quatro crianças e jovens usa os seus smartphones de forma consistente com um vício comportamental, revela um estudo realizado por investigadores do King’s College London, publicado na revista BMC Psychiatry.
O peso das mochilas é um dos dramas que enfrentam as crianças e adolescentes. Mais falado no início do ano letivo, faz-se sentir até ao fim das aulas, fruto da quantidade de cadernos e livros que, diariamente, é preciso levar para a escola. Um problema que deixa marcas que, segundo um novo estudo, são mais graves para as meninas.
Um estudo realizado por médicos do Serviço de Pediatria do Hospital da Senhora da Oliveira Guimarães revela que os pais têm cada vez maior dificuldade em controlar o acesso dos filhos às redes sociais, com a maior parte dos adolescentes a admitir ter mentido sobre a idade para ter acesso a conteúdo limitado.
O que é que o tempo que os mais jovens passam agarrados aos ecrãs dos aparelhos tem a ver com batatas? Quase tanto como aquilo que tem a ver com o seu bem-estar mental. Apesar do enfoque do debate sobre o tema ter sido sempre os prejuízos do uso das novas tecnologias, parece que, afinal, as consequências não são assim tão graves.
Os pais conhecem-na bem, ou não fosse esta uma queixa frequente entre os mais pequenos. Por vezes apenas uma desculpa, em muitas outras a dor de cabeça é mais do que isso, mas pouco se sabe sobre quantos afeta ou quais as implicações destas queixas. Questões a que um grupo de especialistas nacionais procurou dar resposta, através de um estudo que concluiu que quase três quartos dos adolescentes sofrem com este problema, que até os impede de ir às aulas.
O trabalho, realizado por investigadores do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho, analisou a prevalência da dor de cabeça, ao longo de três meses, entre um grupo de adolescentes de um município urbano.
Para isso, recolheram mais de 2.000 inquéritos, uma avaliação que revela que, ao todo, mais de 6% sofrem de dores de cabeça recorrentes, com 14 ou mais episódios nos três meses anteriores à avaliação. E quase metade (2,8%) com intensidade severa.
Publicado na Acta Pediátrica Portuguesa, o estudo contabiliza uma prevalência de dor de cabeça de 74,5%, mais elevada entre as adolescentes do sexo feminino (84,6%) do que do masculino (63,9%).
De todos os estudantes avaliados, 24,8% deram conta de pelo menos um episódio de dor de cabeça nos três meses anteriores, com 49,7% a assinalarem cefaleias recorrentes, definidas como mais do que um episódio em igual período, uma vez mais com maior prevalência junto das raparigas (60,8%) do que dos rapazes (38,2%).
Dados que, apesar de referentes a jovens que frequentam entre o 7º e o 9º ano de escolaridade numa zona urbana do País, os especialistas acreditam serem extensíveis ao resto da adolescência nacional.
No que diz respeito ao absentismo escolar, traduzido pelas faltas às aulas na sequência das dores de cabeça, o estudo revela que é elevado: 21% dos jovens confirmaram ausências num ou mais dias. Do total, 6,3% faltaram à escola mais do que um dia e 1,1% mais de cinco.
“A elevada taxa de absentismo escolar que advém desta condição é um indicador da alta carga socioeconómica associada à dor de cabeça.”
“A escassez de estudos que caracterizem esta patologia na população pediátrica portuguesa é evidente, e a aplicação de esforços preventivos, tanto diagnósticos como terapêuticos, é essencial para mitigar o impacto da dor de cabeça no quotidiano dos adolescentes portugueses”, lê-se no estudo.
Não há dúvida: o tempo passado à frente dos ecrãs de computadores, smartphones, tablets, videojogos, TV e outros dispositivos faz aumentar o sedentarismo nas crianças e adolescentes. O assunto não é novo, mas surge agora reforçado graças a uma declaração científica publicada pela Associação Americana do Coração.
E ainda que, nos últimos anos, a audiência de televisão tenha caído, o uso de outros dispositivos fez com que aumentasse, no geral, o tempo passado à frente de ecrãs. De facto, estima-se que, atualmente, as crianças entre os oito e os 18 anos passem mais de sete horas por dia à volta destes aparelhos.
“Os dispositivos portáteis permitem mais mobilidade e isso não reduziu o tempo total de sedentarismo nem o risco de obesidade”, afirma Tracie A. Barnett, Ph. D., investigadora do Institut Armand Frappier e do Hospital Universitário Sainte-Justine, em Montreal, Canadá.
“Embora os mecanismos que associam o tempo à frente do ecrã à obesidade não sejam totalmente claros, há preocupações reais sobre a influência nos comportamentos alimentares”, acrescenta a especialista. E isto porque, explica, “as crianças desligam e não percebem quando estão cheias ao comer em frente aos aparelhos”.
Mas há mais. A evidência científica aponta ainda para o impacto na qualidade do sono, “o que pode também aumentar o risco de obesidade”.
A mensagem é, por isso, dirigida a pais e filhos: é preciso limitar o tempo de ecrã.
“Queremos reforçar uma recomendação antiga da Associação Americana do Coração, para que crianças e adolescentes não passem mais de 1-2 horas por dia à frente de ecrãs. Dado que a maioria dos jovens já excede em muito esses limites, é especialmente importante que os pais estejam atentos quanto ao tempo passado, incluindo nos telefones”, reforça Barnett.
O que é que os pais podem fazer? Dar o exemplo, reduzindo o tempo que eles próprios passam agarrados aos dispositivos e definindo regras para o seu uso.
“Idealmente, os dispositivos com ecrã não devem estar nos quartos, especialmente porque alguns estudos verificaram que isso pode afetar o sono”, afirma a especialista.
A este conselho junta outros: “maximize as interações face a face e o tempo ao ar livre. Em essência: sentem-se menos; brinquem mais”.
Os investigadores concordam que é necessário estudar mais, reforçar a investigação neste campo, uma vez que os padrões de uso dos ecrãs e os seus efeitos a longo prazo em crianças e adolescentes ainda não são conhecidos.
E se já é difícil ajudar os jovens a serem menos sedentários, o apelo dos ecrãs está a tornar tudo um desafio ainda maior.
Com 14 anos, começam a fumar e ingerir bebidas alcoólicas; com 16, experimentam drogas. De acordo com os dados de um estudo nacional, a esmagadora maioria (85%) dos jovens portugueses já bebeu álcool e uma também maioria (58%) já fumou. Quanto às drogas, 17% confirmam ter consumido pelo menos uma vez.