
Já ouviu falar na doença de Parkinson, celebrizada pelo ator Michael J. Fox? Trata-se de um problema que afeta a capacidade que o corpo tem de controlar os movimentos, sendo os seus sintomas resultantes de danos nas células cerebrais que produzem uma substância neuroquímica chamada dopamina, que ajuda as pessoas a terem movimentos musculares suaves e coordenados. Quer saber mais? Este texto promete ajudar.
Os danos nas células produtoras de dopamina podem causar sintomas como tremores, rigidez, lentidão e problemas a caminhar e de equilíbrio. “Os sinais e sintomas podem começar muito gradualmente e ser frequentemente confundidos com o ‘envelhecimento normal'”, revela Jori Fleisher, neurologista especializado em distúrbios do movimento do Rush University Medical Center, nos EUA.
“Um membro da família pode ser o primeiro a notar um tremor ocasional nas mãos, lentidão ou arrastamento ao caminhar, ou diminuição da expressão facial”, acrescenta.
Os danos nas células cerebrais não se limitam às que produzem dopamina. Outros sintomas como depressão, ansiedade, comprometimento cognitivo, obstipação, quedas da pressão arterial e fadiga resultam de danos noutras regiões do cérebro e são o foco de investigação mais recente.
À descoberta da doença de Parkinson
Atualmente, a doença de Parkinson é uma doença crónica sem cura conhecida. Embora os sintomas possam ser controlados com medicamentos, tratamentos cirúrgicos e outras formas de terapia, estes continuam a agravar-se com o tempo.
No entanto, Fleisher prevê que na próxima década se verifiquem avanços significativos no tratamento da doença de Parkinson e na desaceleração da progressão da doença. Embora seja difícil prever quando — pode ser de cinco a dez anos — uma coisa é certa: existe esperança. Fleisher deixa aqui seis coisas que precisa de saber sobre esta doença.
1. A deteção precoce
pode melhorar tratamentos futuros – Um dos grandes avanços na investigação tem a ver com a deteção antes do aparecimento de sintomas característicos do movimento, como os tremores.
A investigação sugere que a dopamina começa a diminuir mais de uma década antes de surgir qualquer sintoma neurológico e que os danos noutras regiões do sistema nervoso podem ocorrer ainda mais cedo. Os sinais muito precoces da doença de Parkinson que podem surgir antes da deterioração motora evidente incluem perda do olfato, obstipação crónica e problemas de sono.
Embora estes sintomas nem sempre signifiquem doença de Parkinson, as pessoas devem discutir estas questões com um médico. Ao estudar grupos de pessoas com sinais precoces, os investigadores estão a desenvolver tratamentos que visam diferentes partes do cérebro, o que pode atrasar, ou mesmo interromper a progressão da doença.
“O nosso objetivo é encontrar formas de evitar que as pessoas desenvolvam os sintomas que afetam a função e a sua qualidade de vida, e estamos a chegar a um ponto em que este é um objetivo alcançável”, afirma Fleisher.
2. O tratamento com medicamentos
“Os sintomas dos doentes podem ser bem controlados, e podem funcionar bem durante muitos anos, uma vez escolhida a medicação ou combinação correta. No entanto, à medida que o tempo passa e o Parkinson progride, o cérebro produz cada vez menos dopamina. Isto traduz-se na necessidade de mais medicação ou de doses mais frequentes de medicação, e à medida que a medicação passa, os sintomas regressam”, afirma o especialista.
“É difícil para as pessoas com Parkinson e os seus cuidadores viverem uma vida normal quando os sintomas são imprevisíveis e cada dia é diferente do outro.”
3. A cirurgia na doença de Parkinson
As pessoas que respondem bem aos medicamentos, mas sofrem de flutuações ao longo do dia, podem ser elegíveis para a estimulação cerebral profunda, um tratamento cirúrgico em que um neuroestimulador envia pequenos sinais elétricos para áreas do cérebro que controlam o movimento.
“Tal como um paemaker, altera a atividade elétrica do cérebro. As pessoas podem experimentar uma melhoria significativa na sua rigidez, tremor e lentidão com este tratamento”, diz Fleisher. “Embora não seja adequada para todos os doentes com Parkinson, pode representar uma melhoria transformadora para muitas pessoas.”
4. O papel do exercício físico
Além dos seus efeitos bem conhecidos – retardar o declínio cognitivo e melhorar a função cardíaca e pulmonar – o exercício físico pode ajudar a melhorar a marcha, o equilíbrio, o tremor, a flexibilidade, a força de preensão e a coordenação motora em pessoas com doença de Parkinson.
Os exercícios benéficos incluem treino em passadeira, ciclismo, dança, tai chi, ioga e treino de força e flexibilidade. “As pessoas perguntam o que podem fazer para diminuir a rapidez com que a doença de Parkinson está a progredir, ou como podem reduzir o risco de demência de Parkinson. A resposta para ambas: exercício. Recomendo 150 minutos de exercício moderadamente extenuante por semana, particularmente exercício aeróbico, a todos os meus doentes e às suas famílias.”
5. Gerir o humor é essencial
Viver com uma doença crónica e progressiva pode causar um sério impacto emocional nos doentes e nos seus entes queridos. A depressão e a ansiedade são sintomas comuns da doença de Parkinson, com até 60% das pessoas que têm a doença a apresentarem sintomas depressivos ligeiros ou moderados.
“A depressão é uma das maiores culpadas pela perda de qualidade de vida das pessoas com doença de Parkinson”, diz Fleisher. “Passamos muito tempo a falar sobre os sintomas mais óbvios — como tremores ou quedas — mas se não abordarmos o humor, estamos a perder uma grande parte do puzzle. A depressão e a ansiedade no Parkinson estão relacionadas com alterações químicas no cérebro, assim como o tremor e a rigidez muscular. Temos tratamentos eficazes para todos estes sintomas e deveríamos usá-los para ajudar as pessoas com Parkinson a viverem as suas vidas de forma mais plena.”
Muitos doentes beneficiam de aconselhamento psicológico, terapia cognitivo-comportamental e/ou uso de medicação para ajudar a melhorar o seu humor.
6. A importância dos cuidadores
Os cuidadores e familiares de pessoas com Parkinson enfrentam também elevadas taxas de stress, depressão e isolamento social. “Embora a consulta possa ser marcada para a pessoa com Parkinson, é igualmente importante que os nossos parceiros de cuidados sejam educados, capacitados e encorajados a cuidar da sua própria saúde física e mental, e ligados a outras pessoas que enfrentam desafios semelhantes”, afirma Fleisher.