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Tabaco e acidente vascular cerebral: uma associação perigosa

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O impacto do fumo de tabaco no sistema cardiocirculatório pode ser devastador. Sofia Ravara, médica pneumologista, explica tudo sobre esta relação perigosa.

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Sofia Ravara, médica pneumologista, membro da Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral

O fumo de tabaco tem efeitos agressivos e rápidos sobre o sistema cardiocirculatório, tornando o sangue mais espesso, ativando a agregação das plaquetas sanguíneas e favorecendo a formação de coágulos, estreitando as artérias e reduzindo o transporte do oxigénio do sangue para os tecidos.

Os fumadores são também mais propensos a ter hipertensão arterial e colesterol elevado. Deste modo, fumar duplica o risco de ter um AVC, mesmo fumando poucos cigarros. Para além disso, a exposição dos não fumadores ao fumo de tabaco também causa AVC, aumentando em 30% o risco. 

Se é fumador e já sofreu um AVC, ou tem outros fatores de risco para AVC, com hipertensão arterial, diabetes, colesterol elevado, arritmia ou outra doença cardíaca, ou se é mulher e faz anticonceção hormonal, deixar de fumar é muito importante: o risco de AVC ou de AVC recorrente é demasiado grande se continuar a fumar.

Os cigarros eletrónicos e o tabaco aquecido têm riscos para a saúde, o seu uso pode aumentar o risco de AVC?

Existe evidência de que os aerossóis libertados pelo aquecimento dos cigarros eletrónicos e do tabaco aquecido contêm substâncias tóxicas, irritantes e potencialmente carcinógenicas para a saúde humana.

Diversos estudos científicos já demonstraram efeitos prejudiciais para a saúde, a curto e médio prazo, afetando o sistema respiratório, cardiovascular, imunológico e o sistema nervoso central. 

O maior estudo epidemiológico, que avaliou a associação entre usar cigarros eletrónicos, AVC e doença cardíaca, mostrou um risco aumentado em 71% de ocorrência de AVC e 59% de sofrer um ataque cardíaco ou angina de peito nos utilizadores de cigarros eletrónicos.

Este risco poderá ser ainda mais alto para aqueles que usam simultaneamente cigarros tradicionais e eletrónicos ou tabaco aquecido. Por outro lado, um estudo experimental em animais mostrou que a exposição ao tabaco aquecido afeta o sistema cardiocirculatório, com potencial para causar doença cardiovascular.

Porque é tão importante deixar de fumar?

Se é fumador, a melhor medida para ter saúde e qualidade de vida é deixar de fumar.

A boa notícia é que parar de fumar traz benefícios rápidos para a sua saúde, melhorando a oxigenação e circulação logo nos primeiros dias e reduzindo o risco de AVC  ao longo do tempo: um ano após parar de fumar, o risco de AVC diminui para metade e, após 15 anos, iguala o risco do não fumador.

Quanto mais tempo estiver sem fumar, mais ganha em saúde e qualidade de vida, sente-se menos cansado, respira melhor e tem mais energia. Pense ainda na poupança de dinheiro. Sabe que os fumadores gastam em média 15% do seu ordenado em tabaco? Ao fim dum ano, pode poupar o equivalente a 1,5 até dois ordenados.

O que pode fazer para deixar de fumar?

Não deixe para amanhã o que pode fazer hoje. A melhor maneira de conseguir parar de fumar é com tratamento especializado. Peça ajuda. Fale com o seu médico assistente, ou ligue para a linha de Saúde SNS 24 (808 24 24 24) para agendar uma consulta de cessação tabágica no centro de saúde ou hospital perto da sua casa.

Pode também consultar o portal da Direcção Geral da Saúde, que indica os locais de consulta, horário de funcionamento e telefone. 

Sofia Ravara, médica pneumologista. Membro da Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral. Coordenadora da Unidade de Cessação Tabágica do Centro Hospitalar da Cova da Beira. Professora de Medicina Preventiva, Universidade da Beira Interior. 

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