Um grupo de investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde não tem dúvidas: é preciso fazer mais testes ao COVID-19 em Portugal. Segundo os especialistas, aumentar a atual taxa de 1.000 para 3.000 testes por milhão de habitantes permitirá poupar mais de quatro milhões de euros, só em hospitalizações evitáveis.
A recomendação surge na sequência de um estudo de avaliação económica, que permitiu aos investigadores concluírem que a massificação de testes para o COVID-19 é uma “estratégia custo-efetiva, capaz de gerar poupanças diretas na ordem dos milhões de euros em hospitalizações”, refere João Fonseca, diretor do Departamento de Medicina da Comunidade, Informação e Decisão em Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.
Com recurso a modelos de análise com dados nacionais de dia 21 de março, em que foram testados vários cenários quanto ao número de testes realizados e à frequência de resultados positivos, os dados obtidos vão de encontro ao aumento das taxas de testes.
As vantagens da massificação dos testes passam pela identificação precoce dos infetados com COVID-19, permitem evitar novas infeções e, por conseguinte, hospitalizações.
Benefícios subjacentes aos testes ao COVID-19
De acordo com os especialistas, os benefícios reais subjacentes à massificação de testes por COVID-19 poderão ser ainda maiores do que os estimados, uma vez que, neste estudo, não foram tidas em conta questões ligadas à produtividade e aos custos de oportunidade.
Para os autores, “os custos não devem ser a única ou sequer a principal variável a pesar nas decisões políticas, no entanto os resultados para os doentes subjacentes à simulação económica também denotam benefícios de saúde claros”.
Ou seja, “estes resultados podem ser mais um estímulo a um alargamento da quantidade de testes realizada, em linha com as recomendações da Organização Mundial de Saúde”.